"Alternativas" de Wegovy e Ozempic criam mercado paralelo bilionário
A OMS alertou no mês passado que lotes falsos do Ozempic têm circulado pelo mundo
Repórter colaborador
Publicado em 23 de julho de 2024 às 10h41.
Última atualização em 23 de julho de 2024 às 11h30.
Medicamentos como o Wegovy ou o Ozempic,da Novo Nordisk, ou o Mounjaro,da Eli Lilly, muito procurados nos últimos meses por causa de suas funcionalidades na questão da perda de peso, passam por processos rigorosos de aprovação por autoridades sanitárias, como o FDA, nos EUA, ou a nossa Anvisa.
Essa corrida por remédios desse tipo vem causando um problema: com os medicamentos de referência em falta, a busca por medicamentos feitos em pequenas farmácias de manipulação, sem o devido acompanhamento técnico responsável, disparou nos EUA.
Cada dose do remédio de marca custa cerca de US$ 1 mil por mês, o que leva as pessoas a buscarem alternativas mais baratas. Analistas estimam que esse mercado paralelo possa movimentar até US$ 1 bilhão por ano, mas os números podem ser ainda maiores, dada a falta de informações disponíveis.
OWegovy começou a ser vendido nas farmácias brasileiras, com preços variando entre R$ 1.228,14 e R$ 2.366,15. A previsão inicial era de que o medicamento estivesse disponível apenas em agosto.
Especialista ouvidos pela Bloomberg avaliam que milhares de americanos estão usando medicamentos que não foram avaliados pelo FDA.
Com essa "invasão" de remédios, aNovo Nordisk e a Lilly estão preocupados com a reputação de seus marcas e vêm tentando limitar a manipulação, abrindo dezenas de ações judiciais contra farmácias e clínicas que oferecem "cópias" de sus medicamentos.
A Novo alegou em processos que alguns medicamentos manipulados apresentavam impurezas ou concentrações mais baixas do que deveriam. A Lilly disse em um comunicado à imprensa que alguns continham bactérias, altos níveis de impurezas e, em um caso, a droga “nada mais era do que álcool açucarado”.
OMS faz alerta
A Organização Mundial da Saúde alertou no mês passado que lotes falsos do Ozempic têm circulado em meio à crescente demanda de pacientes para perder peso.
Três lotes falsificados foram identificados no Brasil e no Reino Unido em outubro do ano passado e um nos EUA, em dezembro.
Embora o órgão global tenha monitorado um número crescente de relatos de semaglutida falsa desde 2022, foi a primeira vez que emitiu um aviso oficial de alerta.
Os produtos falsificados podem prejudicar a saúde dos pacientes porque não contêm os ingredientes corretos e, em alguns casos, podem até conter um medicamento diferente – como a insulina – que pode ser perigoso quando tomado incorretamente, afirmou a OMS. Ozempic é um tratamento para diabetes; a semaglutida é vendida para obesidade sob a marca Wegovy.