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Os carros pequenos e notáveis que chegam agora ao Brasil

Liderada pelas montadoras asiáticas, uma onda de lançamentos trará diversos veículos pequenos no tamanho, mas grandes em itens de série e conforto

Novo Hyundai HB20 (Divulgação)

Novo Hyundai HB20 (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2012 às 14h24.

São Paulo - Um conjunto de “carrinhos” deve movimentar o mercado automobilístico brasileiro nos próximos meses. Eles vêm reforçar um segmento promissor no país: o de automóveis pequenos no tamanho, mas grandes em itens de série e conforto. Na semana passada, o destaque do segmento ficou para a Toyota.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a montadora japonesa deu início a um evento que percorrerá dez cidades brasileiras para a pré-venda do Etios – veículo que será produzido em sua nova fábrica de Sorocaba (SP), inaugurada na quinta-feira, e que marca sua estreia com compactos no Brasil. A coreana Hyundai entrará na concorrência com o HB20, também de dimensões reduzidas, a ser produzido em sua planta de Piracicaba (SP), que está quase pronta. Já a Chevrolet lançará até o final do ano a Ônix com o mesmo propósito.

Quanto mais, melhor

Compactos, com preços de 30 mil reais a 40 mil reais, design moderno e um pacote completo de itens que conferem dirigibilidade e conforto – tais como direção hidráulica ou elétrica, ar condicionado, travas, vidros e retrovisores elétricos, etc –, esse grupo de "pequenos notáveis" é atraente ao consumidor. As asiáticas são bem-sucedidas em todo mundo neste conceito. E são elas que devem catalisar a movimentação deste segmento no Brasil.


Sua escolha por um veículo menor busca aliar a expertise no ramo com a necessidade de reforçar a presença no segmento mais importante do mercado automobilístico nacional – os compactos respondem por mais de 40% das vendas totais de automóveis e comerciais leves. “Brasileiro gosta de carro mais equipado possível, mas que seja barato”, diz o consultor Paulo Roberto Garbassa, da ADK Automotive.

A própria ideia do carro pequeno surgiu, entre os anos 1990 e 2000, nos mercados mais desenvolvidos com foco no custo. Nos países com renda mais elevada, como os Estados Unidos e os da Europa Ocidental, a despesa com combustível no final do mês foi o elemento determinante a despertar o interesse dos consumidores por este tipo de veículo – e das montadoras em oferta-los.

Mais recentemente, sobretudo entre os europeus, a eficiência no consumo e a redução nas emissões de poluentes ganharam importância. “O consumidor americano gosta até hoje de carro grande, mas são os menores que estão com maior apelo por conta do preço de combustível. Existe essa preocupação na Europa também, mas lá a questão da sustentabilidade tem apelo maior”, explica o especialista.

De olho no custo

Os brasileiros são igualmente receptivos a estes atributos. Contudo, como o país é de renda média, o consumidor típico preocupa-se ainda – e bastante – com o preço final do produto. Além do valor da parcela do financiamento, outros custos entram na conta quando da ida a uma concessionária. Carros compactos gastam menos álcool ou gasolina, têm manutenção mais barata e possuem um seguro também mais em conta.


As asiáticas, novamente, destacam-se pela reconhecida qualidade mecânica, o que significa desembolsos menores (e menos frequentes) com reparos. Mais recentemente, com a explosão de vendas em todos os estados, as dimensões do veículo também ganharam relevância ante o desafio de enfrentar ruas e estacionamentos abarrotados.

Por outro lado, o Brasil ganhou destaque internacional nos últimos anos pelo fenômeno da mobilidade social e isso trouxe mudanças ao consumo. Segundo estudo do banco francês BNP Paribas, 63 milhões de cidadãos ascenderam socialmente entre 2005 e 2012 – a maioria saiu da pobreza para a nova classe média e outra parte foi incorporada ao topo da pirâmide. Com um mercado de crédito também mais convidativo, isso significa que muita gente hoje se afasta daqueles “carros pelados” (com poucos itens de série) que caracterizaram os primeiros representantes dos compactos no país.

Custo-benefício

Esses dois movimentos aparentemente antagônicos – o desejo de economizar que ainda persiste e o afastamento daqueles veículos mais baratos, mas sem conforto algum – convergem para a nova palavra de ordem do mercado automotivo doméstico: a busca pelo melhor custo-benefício.


A primeira montadora a compreender esse novo momento do mercado, com relativo sucesso de venda, foi a coreana Kia. Seis anos atrás, ela trouxe para o Brasil o Picanto – o menor modelo de seu portfólio de veículos. Hoje, a montadora oferece na versão de entrada do carrinho, por 38.900 reais, airbag duplo, direção elétrica progressiva, ar-condicionado, CD Player com MP3 e entrada auxiliar USB, travamento elétrico das portas à distância, banco traseiro rebatível e revestimento de couro no volante e na alavanca de câmbio.

Em outubro do ano passado, foi a vez da Nissan entrar na onda dos compactos com o primeiro japonês do segmento a aportar no país: o March. “É um segmento que não se pode desprezar se uma marca quer crescer”, disse Tiago Castro, gerente-chefe de marketing e produto da Nissan do Brasil.

Por 28.790 mil reais, a montadora tem no mercado um carrinho bem equipado, que, na versão 1.0 flex, oferece calotas, limpador, lavador e desembaçador traseiro temporizado, regulagem interna dos espelhos retrovisores, ar condicionado, direção elétrica progressiva, volante com regulagem de altura, entre outros itens. Desde seu lançamento, o March já vendeu 31 mil unidades, a um custo que vai de 27.000 reais a 39.900 reais.


Lançamentos

Toyota e Hyundai vêm reforçar essa estratégia. O Etios, da Toyota, vem como uma alternativa para quem achava que a japonesa era “inacessível”. O modelo compacto deve chegar às lojas no início de setembro com preço a partir de 35.000 reais na versão hatch com freio ABS e air bag de série. Já o HB20, da coreana Hyundai, é considerado pelos especialistas como um veículo resistente e com visual arrojado. O modelo foi desenvolvido com foco no consumidor brasileiro, que gosta de novidade e esportividade, mas que também precisa de um carro que enfrente, sem esmorecer, ruas e estradas precárias. As vendas estão previstas para iniciar em outubro.

Esperado para o Salão de Paris no próximo mês, a Fiat deverá divulgar o 500X. O carrinho é apelidado como “mini SUV” por sua robustez e dimensões reduzidas. No Brasil, especula-se que o lançamento só deve ocorrer no final de 2013 ou início de 2014. Já a General Motors deve trazer até o final do ano a sua Ônix. O modelo – que deve ser a principal atração da montadora no Salão do Automóvel de São Paulo, de 24 de outubro a 4 de novembro – será fabricado em Gravataí, no Rio Grande do Sul.


Competição

Com a entrada de novos modelos nesta fatia de mercado, quem não se adaptar vai literalmente ficar para trás. A nova geração de carros compactos veio para enfrentar os líderes de vendas no segmento: Gol, Uno e Palio. A Volkswagen, que descobriu a fórmula da boa venda com o Gol, já se movimenta. Neste ano, a alemã lançou a versão restilizada do Gol Geração 5 e a colocou no mercado com preço equiparado ao dos concorrentes. Será em 2014, no entanto, sua cartada no segmento dos carros bem pequenos.

A montadora prepara a vinda do Up! com foco nas necessidades do consumidor urbano, inclusive de conforto, mas sem abrir mão do espaço interno. “As marcas tradicionais carregam uma força, mas elas vão sofrer se não apresentarem um produto sofisticado”, declara Dario Gaspar, especialista em mercado automobilístico da A.T. Kearney Brazil. “Mesmo que sensível a preço, quem puder sempre vai buscar carros com mais conteúdo e design sofisticado”, acrescenta.

Para David Wong, diretor da Kaiser Associates, todas as empresas estão apostando neste nicho no mundo. “O mercado vai ficar povoado de novos produtos dessa linha porque esse segmento é mais rentável para as montadoras”, disse. No Brasil, segundo Wong, essa aposta ganha o reforço da avidez de consumo da classe média, agora com maior poder aquisitivo. “É fácil para as pessoas passarem de um financiamento de carro que custa entre 22.000 a 25.000 reais para um que custa de 30.000 a 35.000 reais”, afirma.

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