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E-commerce da Orfeu, marca de café dos Marinho, cresce 60% na pandemia

Quarentena e home-office impulsionaram a procura pelos grãos da marca sediada na Fazenda Sertãozinho, no Sul de Minas Gerais

Kit da Orfeu: e-commerce da marca cresceu 60% na pandemia (Divulgação/Divulgação)

Kit da Orfeu: e-commerce da marca cresceu 60% na pandemia (Divulgação/Divulgação)

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Daniel Salles

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 12h29.

A quarentena foi sinônimo de enorme prejuízo para inúmeras cafeterias que apostam nos grãos especiais. Por outro lado, em mercados e e-commerces as vendas cresceram 40%, de acordo com a BSCA, que representa o setor. A marca Orfeu registrou um resultado positivo ainda mais encorpado durante a pandemia: as vendas de seu e-commerce aumentaram 60%. “Esse canal e o varejo cresceram enquanto o restante do B2B caiu, mantendo assim a mesma taxa do ano de 2019”, explica José Renato G. Dias, que presidente a companhia.

Fornecedora tanto de restaurantes como o Fasano quanto de mercados como o Pão de Açúcar, a Orfeu é uma das marcas de grãos especiais mais premiadas do país. No torneio Cup of Excellence, o mais prestigioso do setor, ela já abocanhou 26 títulos. Roberto Irineu Marinho, acionista do Grupo Globo, e sua mulher, Karen, são os donos da marca. Ela começou a brotar em 1995, quando eles arremataram (como um local de descanso) a Fazenda Sertãozinho, no Sul de Minas Gerais. Mas lá tinha um antigo cafezal, que o casal resolveu aprimorar. O que começou como hobby logo virou negócio e outras quatro fazendas foram incorporadas. Uma delas ganhou uma pequena capela projetada por Oscar Niemeyer pouco antes da morte do arquiteto.

Marca está sediada na Fazenda Sertãozinho, no Sul de Minas Gerais (Divulgação/Divulgação)

Nessa área toda, do tamanho de treze lagoas Rodrigo de Freitas, nasceram duas marcas, batizadas de Orfeu e Eurídice. Como na mitologia grega, a última levou a pior e só a primeira, lançada em 2005, foi mantida no mercado. Quatro anos atrás, em razão da febre dos cafés especiais no país, a Orfeu foi relançada. A estratégia incluiu a mudança do logo e uma campanha na TV estrelada pela atriz Fernanda Montenegro, ao custo de 4 milhões de reais. Por determinação de Irineu, o mercado nacional passou a ser prioritário (antes do relançamento 90% dos cafés da Orfeu eram exportados). Hoje a produção anual é de 30 mil sacas.

Uma das apostas são os chamados microlotes, os blends não produzidos em linha. Três deles foram elaborados em parceria com chefs conhecidos, a Morena Leite, do Capim Santo, o Thomas Troisgros, do Olympe, e o Felipe Bronze, do Oro, restaurante carioca com duas estrelas Michelin. Outro microlote, feito com grãos da variedade acauã, homenageou o agrônomo José Braz Matiello, um dos maiores especialistas em cafeicultura do país e colaborador da Orfeu (para este mês está previsto mais um lançamento).

Pelas contas da BSCA, os cafés especiais correspondem só a 5% do volume consumido no país. Um ano antes, porém, eles não passavam de 3%, o que aponta um crescimento nada desprezível. Para este ano previa-se um crescimento de 22% — a entidade não divulgou uma projeção levando em conta a pandemia.

Coincidentemente, o IBGE divulgou em agosto uma pesquisa que aponta o café como o alimento mais consumido pelos brasileiros. Em média, ingerimos 163,2 gramas do produto a cada dia. A segunda posição é ocupada pelo feijão, com 142,2 gramas diárias, seguido do arroz, com 131,4 gramas. Comparativamente, a população bebe cinco vezes mais quantidade de café do que cerveja. São dados, claro, que dizem pouco sobre o nicho dos cafés especiais.

O crescimento de marcas como a Orfeu se explica, em boa medida, pelo advento massivo do home-office. Se antes os funcionários precisavam se contentar com o café – em geral, execrado – despejado pelas máquinas dos escritórios, hoje eles podem escolher seus grãos prediletos. Mais: também podem apostar em métodos de extração mais demorados, a exemplo do que se vale do filtro japonês Hario V60.

 

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