Growler da marca: 7 mil unidades vendidas na quarentena (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 23 de setembro de 2020 às 13h15.
A compra da Colorado, em julho de 2015, foi o segundo passo da Ambev em direção ao mundo das cervejas artesanais brasileiras, no qual resolveu mergulhar de cabeça. Em fevereiro do mesmo ano, o conglomerado controlado pelo Jorge Paulo Lemann anunciou a fusão de uma de suas marcas, a Bohemia, com a mineira Wäls, que no ano anterior havia faturado uma medalha de ouro no torneio World Beer Cup, tido como o Oscar das artesanais.
Quatro anos atrás a companhia deu outro passo inesperado: criou um bar operado por ela, o Goose Island Brewhouse, no Largo da Batata, em Pinheiros (SP). Com capacidade para 140 pessoas, só vende chopes feitos ali (a cultuada marca de cervejas de Chicago foi adquirida pelo grupo em 2011). A pergunta que a novidade criou: tudo bem um dos principais fornecedores de cerveja para bares e restaurantes do país se apresentar como concorrente de seus próprios clientes? Se alguém acha que não, a Ambev deu de ombros.
Em 2017, começaram a brotar pelo país as unidades do Bar do Urso, ligados à Colorado, cervejaria artesanal de Ribeirão Preto surgida em 1996. A de Pinheiros abriu em fevereiro daquele ano. Depois vieram a do Tatuapé e, logo depois, a do Pacaembu. Hoje são 17 bares do tipo, espalhados por São Paulo, Brasília, Goiânia, Ribeirão Preto, Santos, Piracicaba e Rio de Janeiro. Todos servem apenas os rótulos da Colorado, alguns deles sazonais.
Com a pandemia, porém, a Ambev amargou tanto com a queda das vendas dos bares para os quais fornece cerveja, fechados por longos meses, quanto com a interrupção de seus próprios estabelecimentos (outra iniciativa do tipo é o Hoegaarden Greenhouse, também no Largo da Batata).
A rede de bares da Colorado, no entanto, afirma ter enfrentado a quarentena de queixo erguido. E graças aos growlers, os recipientes que armazenam chope para viagem. Deles foram vendidas 7 mil unidades de março até aqui (a capacidade varia de 1 a 5 litros e os preços partem de 25 reais). O delivery, naturalmente, virou o principal canal de vendas na época em que os bares não puderam abrir as portas. O chamado take away, no entanto, também passou a fazer diferença.
O Bar do Urso em Pinheiros cresceu 70% durante a pandemia (no acumulado do ano já são 241%). Até agosto a unidade vendeu perto de 2 mil growlers. “Embora as unidades estejam retomando as atividades, com as flexibilizações, a procura pelo delivery se mantém”, diz Matheus Mesquita, um dos responsáveis pela expansão da rede. A explicação é óbvia: se não dá para ir até o bar, o jeito é trazê-lo para dentro de casa.