Depois de 12 jogos, continua tudo igual em Nova York, onde o norueguês Magnus Carlsen enfrenta o russo Sergey Karjakin pela final do Campeonato Mundial de Xadrez. Com uma vitória para cada lado, os dois empataram 10 vezes. Hoje, os dois participam do último dia do torneio e resolvem a disputa com tiebreaks do xadrez, a começar com quatro disputas rápidas de 25 minutos em cada relógio e 10 segundos adicionados ao relógio depois de cada jogado. Se o empate continuar passam para o modo blitz: disputas de 5 minutos com 3 segundos adicionados por jogada.

Durante o campeonato, paralelos foram traçados com a vida real, que acontece do outro lado do Atlântico. A defesa de Karjakin se mostrou excepcional nos últimos dias em Nova York, quase como uma metáfora da defesa militar da própria russa: desde que Vladimir Putin assumiu a presidência em 2000, as tropas nas fronteiras do país aumentaram 10 vezes. Os países vizinhos, como a própria Noruega, notaram que cada vez mais jatos de defesa passam voando nos cerca de 150km que os dois países dividem. Putin até já alertou os países do ocidente e da Otan sobre os “riscos” de aumentarem a presença militar perto da Rússia.

O jovem desafiante Karjakin, de 26 anos, que nasceu na região da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, é abertamente a favor de Putin, que, por sua vez, não esconde apreço pelo rapaz. Putin enviou um de seus assessores, Dmitri S. Peskov, a Nova York, com a missão de atualizar o presidente de cada acontecimento do torneio. Sem o título desde 2007, a Rússia tem o xadrez como um esporte tradicional — o país dominou a modalidade entre 1975 e 2000. Trazer a taça de volta seria ótimo para o governo e uma glória para Karjakin.

Carlsen, que completa hoje 26 anos e detém o título desde os 22, é uma espécie de celebridade na Noruega. Os jogos são transmitidos ao vivo na televisão. Segundo ele, apesar de Putin usar o xadrez como incentivo para sua política esportiva nacionalista, poucas pessoas em seu país veriam o confronto contra o russo como uma batalha nos moldes da Guerra Fria. De hoje, a decisão não passa.