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Rebranding: case Boca Rosa, cada vez menos rosa

O storytelling: uma adolescente que despontou nas redes sociais amadureceu e se transformou em uma mulher de negócios. Confira a coluna dos especialistas Denis Zanini e Kelly Pinheiro

Bianca deixa de lado a imagem de blogueira e assume um papel que inspira a se empoderar e sentir-se como ela (Mauricio Santana/Getty Images)

Bianca deixa de lado a imagem de blogueira e assume um papel que inspira a se empoderar e sentir-se como ela (Mauricio Santana/Getty Images)

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Publicado em 24 de junho de 2024 às 15h00.

Por Kelly Pinheiro e Denis Zanini Lima*

Praticamente toda criança brasileira passou pela fase em que nossos pais nos vestiam de rosa ou azul, cores tradicionalmente associadas ao gênero e à infância. Ainda que haja muitas discussões sobre a associação de cores às crianças, é inegável que praticamente toda menina era vestida de rosa da cabeça aos pés.

Porém, ao nos tornarmos adolescentes e adultos, muitos de nós começamos a negar o gosto pelo rosa, associando a cor à infantilidade e buscando maneiras de afirmar nossa maturidade. E assim se enquadra o rebranding da marca Boca Rosa, que trouxe uma mudança significativa e estratégica no mercado de beleza, refletindo uma nova fase na vida e carreira de Bianca Andrade.

A nova identidade visual da marca posiciona Bianca como uma figura de autoridade, algo mais "like a boss". Os exageros do pink e diversos elementos chamativos foram substituídos por um design minimalista e cores neutras. Esta escolha não apenas moderniza a marca, mas também eleva a percepção de valor agregado, alinhando-se com uma estética mais sofisticada e profissional.

É importante destacar que esse novo posicionamento tem por trás um storytelling muito bem estruturado: uma adolescente que despontou nas redes sociais amadureceu e se transformou em uma mulher de negócios. Assim, Bianca deixa de lado a imagem de blogueira e assume um papel que inspira a se empoderar e sentir-se como ela. Esse movimento não só reforça a sua evolução mas também qualifica seus consumidores, atraindo um público mais maduro e exigente.

Teria o rebranding da marca Boca Rosa começado no Big Brother Brasil?

Não é segredo para ninguém que participar de reality show hoje em dia, principalmente sendo uma figura pública, é como jogar a famosa roleta-russa: alto risco, muitas formas de acertar, mas se errar pode custar sua imagem ou carreira. Na época, a participação de Bianca gerou muitos burburinhos, mas, hoje, vemos que a mega exposição no BBB revelou ao público o seu potencial marketeiro, destacando também sua capacidade de ditar tendências. De lá, entrou a blogueirinha e saiu uma grande empresária. 

O amadurecimento da marca deve preservar sua essência

No entanto, essa nova fase da marca Boca Rosa pode ter sacrificado um pouco da essência original de Bianca, que é muito conhecida por seu perfil ácido, disruptivo e criativo: ela sempre se jogou sem medo de cancelamento, sabendo que poderia se reerguer. Essa faceta, fundamental para sua autenticidade, parece menos evidente no novo posicionamento, pelo menos neste primeiro momento.

No geral, não há como negar: a mudança foi interessante, gerou buzz e reposicionou a marca brilhantemente. A dúvida que fica é se é possível demonstrar amadurecimento sem perder a essência original. Encontrar esse equilíbrio é um desafio. Bianca, numa nova jogada, está gradualmente desvinculando seu nome da marca para se consolidar como uma marca corporativa e agregar market value. No entanto, idealizadores sempre terão um papel fundamental em suas marcas, uma vez que são suas ideias e visões, em todas as campanhas passadas e presentes, que fizeram da marca o que ela é hoje.

Ainda gostaríamos de ter visto um pouco mais da essência rosa no meio de todo esse mar cinza.

*Kelly Pinheiro é jornalista e fundadora e sócio-diretora da Mclair Comunicação e Denis Zanini Lima é CEO da Ynusitado Marketing Digital Intelligence.

 

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