PLAY: O futebol feminino é igualmente espetacular, e a Copa veio para provar isso
Campanha da empresa Orange é marco para quem credita o futebol de mulheres como fraco
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Publicado em 22 de julho de 2023 às 10h00.
Por Danilo Vicente*
“O esporte feminino é igualmente espetacular! Tão animado e acima de tudo gera tanta emoção! Convido fortemente vocês a assistirem a esse filme que me surpreendeu tanto quanto emocionou... Mais do que um feito técnico, este filme nos obriga a enfrentar nossos preconceitos”.As palavras são de Christel Heydemann, a CEO da Orange, empresa francesa de telecomunicação que surpreendeu o planeta com uma campanha da agência Marcel sobre o futebol feminino, focando na equipe francesa.
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Com efeitos de computação gráfica, são mostrados lances da seleção masculina de futebol da França, com Antoine Griezmann e Kylian Mbappé arrasando. Aos 50 segundos vem a surpresa: os lances são de jogadoras.
A campanha publicitária atingiu o alvo. A Copa do Mundo de futebol com mulheres começou em 20 de julho com a expectativa de ser uma divisora de águas. E, enfim, acabar (ou, pelo menos, diminuir bastante) com o preconceito de que o futebol feminino é fraco. Sim, porque é este o preconceito mais frequente, e temos de encará-lo.
É por conta dessa base de avaliação que as jogadoras ganham menos que os jogadores. Pode-se alegar que o futebol masculino tem mais visibilidade – o que, claro, é verdade. Entretanto, o abismo entre salários é tão grande que não se justifica somente por isso. Além dele, há falta de estrutura e de respeito. Não em todo o mundo, é verdade, mas, sim, no Brasil.
Dê o play e assista aos jogos da atual Copa do Mundo. São lá e cá, disputados, com lances de habilidade... a propaganda da Orange se encaixa perfeitamente. Pelo menos nas seleções, a equiparação salarial entre mulheres e homens começa a ser realidade. Quem puxou a fila foi a confederação de futebol dos Estados Unidos. No Brasil, a CBF igualou valores em relação a prêmios e diárias entre futebol masculino e feminino. Ou seja, pelo menos em tese, as jogadoras e os jogadores ganham o mesmo.
Uma lembrança importante: em 1941, Getúlio Vargas proibiu o futebol feminino no Brasil , veto derrubado em 1979. Mais machismo que isso, arrisco, é impossível. Mas não era exclusividade brasileira. Na Europa a proibição reiunou também até a década de 1970, sendo extinta em diferentes anos de acordo com os países.
Por aqui, são 44 anos de um início praticamente do zero! Uma modalidade esportiva chegar ao gosto de milhões e ser alvo de patrocínio de empresas não é fácil (mesmo que seja futebol). Demora mesmo, é uma construção tijolo a tijolo. Mas o futebol feminino tem uma vantagem. Quando o mundo passou a ter Copa do Mundo, masculina, em 1930, a realidade da comunicação era muito aquém do que se viu com a primeira Copa feminina, em 1991 (na China). TV e rádio já eram amplamente difundidos. Assim, o futebol feminino tem tudo para crescer e se estabelecer (ainda mais) no gosto global.
Não à toa, a cerimônia de abertura na Nova Zelândia e o jogo de estreia da Austrália (países anfitriões) bateram recordes de público. A expectativa é que a audiência da Copa bata 1,2 bilhão de espectadores. Há também recorde de patrocínios e ações.
No Brasil, hoje, há mais campeonatos e times profissionais femininos, as transmissões televisivas já são frequentes e a TV aberta está transmitindo a Copa. São avanços, mas ainda estamos no primeiro tempo, não chegamos ao término da partida, não chegamos ao término da estrada. Nos Estados Unidos, segundo a Fifa, há 1,6 milhão de jogadoras profissionais. Na Alemanha, 197 mil. No Brasil, o número é irrisório, nem computado.
Que nesta Copa, a seleção brasileira – a última (será?) com a maior jogadora de futebol da história, Marta – seja a propulsora do futebol entre mulheres no país referência para o mundo quando o assunto é correr atrás de uma bola.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
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