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O que precisa mudar na internet?

Precisamos ser honestos: estamos todos cansados da internet – é hora de recalcular a rota, escreve Bia Félix

 (TheGoodBrigade/Getty Images)

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Bia Félix
Bia Félix

Influenciadora e Colunista Bússola

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 13h00.

Recentemente, decidi dar uma pausa na minha produção de conteúdos para o LinkedIn. Assim o fiz. Percebi que estava consumindo o ativo mais valioso que tenho – o tempo – e a maneira como estava fazendo não estava alinhada com os meus objetivos.

Esse texto não é sobre produção de conteúdo, mas sobre a internet onde a gente deseja estar – aquela que faça valer o tempo, e não o contrário.

Se você é cronicamente online como eu, sabe que é fácil perceber que estamos entrando em mais um ciclo da internet. Vivemos superestimulados, com uma avalanche de informações a todo momento, enquanto scrollamos infinitamente nossos feeds, com uma capacidade de prestar atenção cada vez menor, causando o tal do brainrot.

A cultura digital é hoje a principal força que move as tendências. Para realmente navegar nessa era social, é preciso entender seus códigos culturais. Ninguém quer ouvir falar de cópias, mas sim de ser autêntico.

O problema é que o algoritmo não é programado para autenticidade. O algoritmo é programado para números, resultados, métricas. Assim, vamos aos poucos perdendo a linguagem natural de estar na internet para dar lugar a um mar de conteúdos feitos por IA (sim, dá para perceber) e uma vida ensaiada, que cada vez mais se distancia do que é real.

Precisamos ser honestos: estamos todos cansados da internet – é hora de recalcular a rota.

Como chegamos até aqui?

A promessa do Metaverso não deu certo. A fadiga causada pelo uso do celular só aumenta. A internet, antes um espaço de expressão e encontros, agora parece baixar a régua do bom conteúdo. O que antes era considerado criativo tornou-se um campo saturado de "cores" e "aesthetics" (quiet luxury, that girl aesthetic, Y2K…)

Ninguém realmente sabe o que está fazendo. Não importa quem você seja, ninguém consegue decifrar o algoritmo. Cada conteúdo viral surge como uma peça isolada, contando algo e, ao mesmo tempo, falando nada.

A Indústria da raiva

As redes sociais operam com algoritmos que priorizam conteúdos que geram engajamento.

Isso frequentemente resulta na promoção de postagens que despertam emoções intensas, como raiva e indignação. Esse tipo de conteúdo tende a ser mais compartilhado e comentado do que publicações neutras.

Para se destacar no ambiente digital, táticas de "provocação promocional" estão em alta: opiniões controversas e vídeos impactantes que chocam e atraem a atenção do público.

Fica a reflexão: será que todos estamos nos tornando provocadores? E se a atenção se tornou a nova moeda, será que nossa busca principal é gerar raiva?

O outro lado: em busca de esperança

Prefiro dizer que nem tudo está perdido. Ainda existem páginas e criadores de conteúdo que resgatam o que há de bom em meio ao caos digital.

Existe um desejo crescente de encontrar pequenos refúgios nesse caos. Por isso vemos o uso do humor como algo tão crescente nas redes (mas quem leu o texto “Toda marca precisa ser engraçada para se conectar com a Gen Z?”, sabe que é preciso pensar 2 vezes antes de usar).

A relação com o conteúdo mudou. Nos cansamos de criar uma imagem online perfeita e agora buscamos algo mais real.

O caminho entre o caos e a ordem

Atualmente, a internet se encontra em um limbo entre o que poderia ter sido e o que se tornou. Uma eterna dança entre o excesso de informações e a busca por satisfação, lidando com a tensão entre o que permanece oculto e o que é constantemente compartilhado.

Estamos em uma corrida para preservar identidades, tanto de marcas quanto de indivíduos, enquanto tentamos garantir seus legados digitais. Em meio a esse caos, o que realmente precisamos é de espaço e tempo para refletir e criar algo significativo — mesmo que isso contrarie o que muitos têm nos dito.

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