“Ao longo da minha jornada, tenho visto como esse esforço em prol da cadeia se reflete em resultados concretos e benéficos para todas as frentes”, afirma Henrique Nakamura (Luis Alvarez/Getty Images)
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Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 07h00.
Por Henrique Nakamura*
Contribuir para o ecossistema em que estamos inseridos. Esse é o objetivo da maior parte das grandes empresas, mas na prática pode ser bastante desafiador. Como fazer para que o negócio tenha impacto positivo para os pequenos e médios negócios que orbitam o setor em que estamos inseridos e como isso se conecta à uma agenda ESG, cada vez mais exigida pelo mercado?
Para explorar o tema da agenda ESG, utilizarei minha experiência na Raízen como exemplo. Na empresa, nossa grande preocupação em torno dos assuntos desse universo é desenvolver nossos fornecedores para que juntos possamos redefinir o futuro da energia e ter o mesmo propósito de atuação.
Nosso comprometimento com as melhores práticas vai de ponta a ponta, desde o cultivo da cana-de açúcar até a atuação em conjunto com as empresas de diversos tamanhos que integram nosso mercado. Ao meu ver, isso é muito necessário. É preciso desenvolver os fornecedores com o objetivo de impactar regiões e empresas, como um agente de transformação social, fomento aos suprimentos responsáveis e promovendo a transição energética, aspecto que para nós é inerente ao negócio.
Digo isso, porque é importante termos claro que investir na cadeia de parceiros vai muito além da sustentabilidade e da comercialização de produtos/serviços. É preciso construir um legado de crescimento, geração de independência financeira e promoção de novos negócios. Esse é um passo importante para que toda a cadeia de parceiros, uma vez que a inação pode custar muito caro para o desenvolvimento de todo um setor e as empresas precisam estar cada vez mais atentas a isto. Desenvolver seus fornecedores significa gerar legado social, fomentar oportunidades de emprego e renda, e ter parceiros capazes de apoiar as estratégias de negócio das companhias.
Ao longo da minha jornada, tenho visto como esse esforço em prol da cadeia se reflete em resultados concretos e benéficos para todas as frentes. Mas, como fazer isso de maneira assertiva?
Apoiamos nossas bases em três pilares, que são aplicadas a partir do programa Raízen Desenvolve, mas que refletem as necessidades de todo o mercado: fortalecimento, incentivo e integração.
O primeiro passo está em capacitar e oferecer consultoria às micro e pequenas empresas estratégicas dentro e fora do nosso ecossistema. A partir disso, em um ambiente propício para o crescimento sustentável dos fornecedores, atuamos para conceder benefícios que promovam a facilitação do fluxo de caixa, de forma que essas empresas possam buscar o próprio desenvolvimento.
Para se ter uma ideia, no primeiro ciclo do Raízen Desenvolve foi possível alcançar a marca de R$52 milhões em antecipação de pagamento, R$38 mil de isenção de taxas de homologação e 701 parceiros impactados, destes, 59 foram contemplados por consultoria com a SEBRAE. E nossas expectativas são ainda maiores para o segundo ciclo recém-lançado. Além disso, já estamos atendendo quase todo o território nacional e a expectativa é seguir ampliando a cobertura.
Quando olhamos para a agenda ESG, iniciativas como esta se fazem ainda mais necessárias. Para se ter uma ideia, de acordo com dados do SEBRAE/MT, aproximadamente 70% das pequenas empresas brasileiras adotam alguma prática ESG, sendo que a média de execução das ações por Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) é composta pelos aspectos da seguinte forma: ambiental (75%), social (56,4%) e governança (87,2%).
Por isso, o fortalecimento e o incentivo, aqui por meio de capacitações, são fundamentais para uma cadeia mais sustentável e consciente, possibilitando que os fornecedores ampliem sua base de clientes e ofereçam serviços e produtos com maior qualidade, e alinhados à premissas importantes para o mercado dentro dessa agenda.
Importante fazer um alerta. Capacitar seu fornecedor não quer dizer que ele deva atender apenas aos seus interesses. Essa atuação precisa ocorrer de maneira genuína e baseada no propósito de preparar essas empresas para que elas possam ganhar maturidade em gestão e sustentabilidade, ter um giro financeiro sustentável e, com isso, atrair outras grandes empresas como clientes para continuarem seu ciclo de crescimento.
Apenas dessa forma teremos a possibilidade de construir uma cadeira de fornecedores forte e capaz de devolver valor para a sociedade. Precisamos ter cada vez mais grandes corporações contribuindo para que os negócios regionais possam crescer e trazer ainda mais impacto positivo para os territórios em que estão presentes. Se há algo que aprendi em minha jornada e na Raízen, é que precisamos performar com excelência e qualidade sem deixar ninguém para trás, nem pessoas e nem empresas.
*Henrique Nakamura é diretor de suprimentos da Raízen, empresa integrada referência global em bioenergia e produtos renováveis.
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