Investimento social conta com pelo menos quatro frentes importantes (Divulgação/Divulgação)
Bússola
Publicado em 30 de agosto de 2022 às 15h21.
Por Danilo Maeda
Após entenderem que vale a pena investir em gerir seus impactos sociais e ambientais e implantar boas práticas de governança, as organizações costumam mapear os temas mais relevantes de acordo com seu modelo de negócios e interesses de stakeholders. Nesse momento, um dos desafios mais frequentes é identificar se e como deveria se estabelecer uma estratégia de investimento social.
Em um mundo cheio de desafios de larga escala (só nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável temos 169 metas), é natural que a sociedade demande de empresas um engajamento com causas sociais relevantes. Esse é um investimento que faz sentido tanto para atender a tais pressões quanto para preservar a capacidade de geração de valor no longo prazo, pela preservação da licença social. Se vale a pena, como fazer?
Entendo que, como estratégia de valor compartilhado, o engajamento em causas sociais deve fazer sentido para a comunidade e para o negócio. Por isso, deve-se buscar pontos de convergência para propor uma visão estratégica clara, um sonho compartilhado entre organização e stakeholders em um tema que além de ser relevante para a sociedade e material para a organização seja algo em que esse ecossistema consiga produzir resultados relevantes.
Para fazer isso, o primeiro passo é desenvolver uma análise aprofundada das premissas que fundamentam a decisão de investimento social e conectá-las às demandas e gargalos do sistema e identificar territórios nos quais podemos gerar mais impacto. Isso permite uma abordagem de vetorização de investimentos e esforços em causas legítimas e com maior potencial de criação de valor compartilhado.
A partir desta visão, será preciso desenvolver uma tese de investimento social (ou teoria da mudança) que promova um entendimento profundo do problema e das alavancas para transformação das questões identificadas e priorizadas na agenda estratégica. A aplicação desta ferramenta de inovação social pode adicionar valor a estratégias de impacto de empresas e organizações, com foco em ampliar alcance e gerar resultados que fazem a diferença.
Começamos com os objetivos de longo prazo e vamos até a definição de ações, canais e resultados esperados, passando pelo aprofundamento nos problemas e hipóteses, sempre com o engajamento de stakeholders como premissa de todo o processo. Isso inclui estabelecer planos de ação específicos, KPIs a serem monitorados e fluxos de trabalho, governança e gestão da implementação dos projetos. Tudo isso se complementa com indicadores e mecanismos de gestão, que devem promover diligência e orientam a busca por resultados
Como resultado desse processo, desenvolvemos a estratégia de investimento social. A partir daí, é possível avançar com o detalhamento da política de responsabilidade social corporativa e no mapeamento e avaliação de possíveis parcerias, em 4 frentes:
1- Políticas de RSC e investimento social: estruturação de governança, diretrizes e processos para investimento social privado, voluntariado e outros temas programas.
2- Mapeamento de parcerias: pesquisa aprofundada de instituições que se enquadrem na diretriz de investimento e que atendam a critérios de governança e transparência.
3- Avaliação em critérios técnicos: Check list de critérios para comparação entre instituições, incluindo (mas não limitado a) alcance, impacto, histórico, volume de doações recebidas, taxa de eficiência e perfil operacional.
4- Modelagem de parcerias e implementação: gestão do processo de engajamento com instituições selecionadas e desenvolvimento de modelos de parceria que viabilizem criação de valor para além da doação financeira.
*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB
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