Mundo corporativo nos trata da mesma forma que a vida real (Unsplash/Unsplash)
Bússola
Publicado em 3 de fevereiro de 2023 às 14h00.
Por Carlos Guilherme Nosé*
Comecei o ano bem agitado, com eventos importantes. Primeiramente, pela chegada da maioridade do meu filho mais velho, eu fiquei muito empolgado. Foi um misto de “nossa, como passou rápido” e “caramba, já fizemos tantas coisas juntos”.
No dia seguinte ao aniversário dele, segui para a Convenção Anual da Fesa. Foram três dias isolados em um hotel, revendo os erros e acertos de 2022, planejando nosso futuro, discutindo a cultura organizacional, os pontos fortes e fracos. Mas e o que tudo isso tem a ver? Para mim, muita coisa!
Criei meus dois filhos com a ajuda de um pediatra excepcional que dizia o seguinte: “A criança tem que saber se frustrar. Temos que parar de tratar nossos filhos como se fossem perfeitos em tudo”. Eu e minha esposa fomos duros com eles muitas vezes. Se eles nos mostravam um desenho que haviam feito na escola, eu elogiava sim, mas não dizia que era um novo Picasso. Quando jogavam futebol, não dizia que eles eram os melhores. E por aí vai.
E o mundo corporativo? Ele nos trata da mesma forma que a vida real. Quando achamos que fizemos algo maravilhoso, vem um cliente e critica, diz que algo não saiu perfeito. Um time que não se envolveu 100% com o projeto, um erro em algum material divulgado ao cliente e por aí vai. Como dizemos aqui na empresa, “o erro honesto acontece” e temos que aprender com eles.
E como nós, seres humanos reagimos a isso? Buscamos sempre a perfeição, mas esquecemos que ela é momentânea, não somos perfeitos o tempo todo. Ao contrário, somos frequentemente imperfeitos. E isso não quer dizer que seja ruim. O processo de aceitar a maturidade do meu filho, foi também para aceitar suas imperfeições. E tudo bem. Ele é um ser humano, não uma máquina que minha esposa e eu construímos. Ele ainda vai errar e muito. Na convenção da empresa, tracei esse paralelo com a maioridade da nossa empresa e do nosso grupo, com mais de 120 pessoas. É impossível e inimaginável pensar que tudo sairá perfeito.
E qual o reflexo disso no meu dia a dia, na minha função de gestor? Daí surgiu o título deste texto: teremos que gerenciar as imperfeições da forma mais perfeita possível. É saber onde cada um pode agregar, onde vou alocar mais tempo e recurso, onde vejo oportunidade de melhoria, mesmo sabendo das limitações e do tempo necessário para esse processo acontecer. Tenho cada vez mais me policiado para não cair na armadilha das redes sociais que nos trazem as famílias, empresas e times perfeitos. Não se frustrem com esse bombardeio de pequenos momentos de perfeição. Eles são super importantes, sem dúvidas, mas o desafio de nossas vidas é buscar nossa felicidade, sabendo que o mundo, pessoas e empresas são, por natureza, imperfeitos.
E aí, vamos aceitar isso e vivenciarmos mais momentos de felicidade ao invés de momentos de culpa ou comparações?
*Carlos Guilherme Nosé é CEO & Partner da Fesa Group, ecossistema de soluções de pessoas e de conexões humanas
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