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Como sua empresa olha para os jovens de baixa renda?

Abismo social impacta na qualificação e nas oportunidades do jovem que vive em quadros vulneráveis

Nosso desafio em 2022 é criar rios afluentes, que levam estes jovens para novas possibilidades (Getty Images/Getty Images)

Nosso desafio em 2022 é criar rios afluentes, que levam estes jovens para novas possibilidades (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 14h00.

Por Priscila Cardoso*

De acordo com dados recentes divulgados pelo IBGE, o Brasil tem 14,8 milhões de desempregados. O índice fica ainda maior entre os mais jovens. Na faixa etária de 14 a 17 anos, 46% estão em busca de trabalho. E, de 18 a 24 anos, o desemprego afeta 31% das pessoas. A falta de experiência e oportunidades de estudos, aliado ao cenário da pandemia faz com que os jovens sofram mais com o desemprego.

Já não bastassem estas preocupações, há uma parcela da ala jovem brasileira que convive com outros problemas, que vão além dos correlacionados à conquista de uma vaga de trabalho. São situações de vulnerabilidades socioeconômicas esbarradas no futuro, principalmente, da juventude de baixa renda. Se para muitos morar próximos a grandes centros urbanos, ter um teto para estudar e priorizar a vida escolar são ações corriqueiras, para outros a realidade é diferente. Optar pelos gastos com alimentação ou seguir com os estudos tornam-se dúvidas cruciais.

Todo esse abismo social impacta na qualificação e nas oportunidades do jovem que vive em quadros vulneráveis. Antes de mais nada, precisamos mudar a nossa relação reativa entre Estado e sociedade. Para começar, é necessário que as empresas quanto organismo social coloquem em prática ações privadas ou, até mesmo, mesclem iniciativas públicas privadas.

O direito virou privilégio e condições básicas, tais como educação e saúde viraram quesitos de privilégio. É preciso possuir uma renda alta para ter um bom convênio médico e acesso à educação de qualidade. São conceitos alterados, personificando a famosa filosofia pop baiana que diz “que o de cima sobe e o de baixo desce”.

Uma das opções para conter o assimétrico retrato socioeconômico nacional é o programa Jovem Aprendiz. A Lei, sancionada em 2000, determina que toda empresa de grande ou médio porte deve ter de 5% a 15% de aprendizes entre seus colaboradores. Geralmente, jovens de 14 a 24 anos, em fase de término do ensino médio ou fundamental em uma escola pública.

Um dos maiores polos de criação de empregos atualmente, a área de TI é muitas vezes a porta de entrada para dar início ao voo profissional de jovens de baixa renda. De acordo com o relatório divulgado da Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, o segmento de TI e Comunicação segue em expansão e continua criando novos empregos.  No primeiro trimestre de 2021 foram gerados mais de 50 mil novos postos de trabalho, sendo que no mesmo período do ano passado foram cerca de 17 mil.

A análise da Brasscom ainda informa que há uma demanda reprimida, resultado da falta de talentos qualificados. Em consonância a esta realidade, o programa Jovem Aprendiz é uma via de possibilidade para quem deseja uma vida melhor. Às empresas, cabe destinar oportunidades reais de desenvolvimento e empregabilidade para jovens de baixa renda.

Às vésperas de um novo ano, onde as esperanças são renovadas, deixo aqui uma dica: não vamos focar o debate em torno da importância de dar peixes ou da necessidade de ensinar a pescar. O nosso desafio em 2022, enquanto líderes de temas voltados à diversidade e à inclusão, é criar rios afluentes, que levam estes jovens para novas possibilidades sem optar entre a fome ou o carnaval.

*Priscila Cardoso é líder da área de Diversidade & Inclusão na Certsys, empresa especializada em soluções para Transformação Digital e inovação.

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