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Andréa Fernandes: o valor do mercado de segunda mão

Pouco se fala sobre o assunto, mas o ‘resale’ vem crescendo a passos largos, com preços atrativos e impacto social e ambiental positivo

Revenda é boa para todos os envolvidos e cria um movimento de economia circular (Jennifer M. Ramos/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 7 de abril de 2022 às 14h10.

Última atualização em 8 de abril de 2022 às 11h54.

Por Andréa Fernandes*

Faz quase um ano que estreei minha coluna aqui na Bússola. Tem sido uma jornada e tanto! Adoro esse espaço porque ele me permite não só dividir minhas reflexões sobre e-commerce e sobre a vida, mas também mostrar outros pontos de vista, compartilhar o pensamento de outras pessoas, de especialistas que apontam tendências e caminhos nesse nosso universo. Já tive a oportunidade de conversar com pessoas incríveis e de trazer aqui reflexões de alguns pensadores que gosto muito, como Scott Galloway, guru do Vale do Silício e professor de marketing da NYU’s Stern School of Business (você pode ler um texto que fiz sobre ele aqui ).

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E hoje quero trazer algumas ideias e exemplos de uma pessoa que acho brilhante, o Rex Woodbury. Ele é sócio de uma empresa chamada Index Ventures, que ajuda, como ele mesmo diz, empreendedores ambiciosos a transformarem ideias ousadas em negócios globais. Mestre em administração por Stanford e com formação em economia, Woodbury tem uma newsletter muito interessante, a “Digital Native” (vou deixar o link aqui ), que fala sobre consumo, internet, mídia, plataformas de conteúdo, futuro do mundo do trabalho, entre outros assuntos.

Recentemente, em uma de suas news, Woodbury falou sobre as inúmeras transformações pelas quais vem passando o e-commerce e fez uma lista com dez tendências. Vou compartilhar duas que acho muito interessantes e sobre as quais ainda não falei aqui na Bússola. Uma delas é o Resale, em inglês também conhecido como Secondhand, que a gente pode traduzir como compra e venda de produtos de segunda mão.

A venda desses produtos está explodindo na internet, mas ainda se fala pouco sobre o assunto. Woodbury traz dados absolutamente surpreendentes. Segundo ele, esse mercado de revenda já fatura US$ 40 bilhões e a previsão é de que chegue a US$ 80 bilhões em três anos e a impressionantes US$ 120 bilhões até 2030. Estima-se que 40% desse mercado de segunda mão seja formado por vestuário. Em 2019, esse mercado cresceu 21 vezes mais rápido que o de moda tradicional.

Quando falamos em venda de roupas usadas, nossa cabeça automaticamente pensa em brechó. É disso que estamos falando aqui… também. Temos exemplos tanto lá fora quanto aqui no Brasil, como o Enjoei, em que pessoas criam suas “lojas” dentro desses ambientes e ganham dinheiro revendendo peças. Mas esse mercado vai além…

Já há iniciativas que permitem que as próprias marcas façam isso! A Archive é uma empresa que teve essa sacada e oferece às companhias um sistema operacional para a revenda de itens. Com isso, os consumidores podem comprar e vender itens de segunda mão no site da própria marca de roupas. Ao fazer isso, podem simplesmente receber pelo valor da venda ou ganhar desconto para uma futura compra de um produto da marca.

Uma cliente da Archive é uma marca maravilhosa chamada M.M LaFleur. E a chamada no site de revenda é genial. Traz uma modelo com um casaco da marca, e diz “the show must go on”. Ou seja, o show tem que continuar. Essa frase mostra que a revenda pode ser uma experiência de consumo nova, satisfatória, consciente e que tem tudo a ver com a questão da sustentabilidade que, mais que uma tendência, é uma urgência global, um fator que exerce um forte fascínio sobre os mais jovens.

O site da Archive traz um dado fundamental: 8% das emissões de gases no planeta são provenientes da indústria fashion. A revenda é boa para todos os envolvidos e cria um movimento de economia circular, que é muito interessante. Ao comprar uma roupa de segunda mão, ajudamos a reduzir as emissões de gases do efeito estufa, economizamos água e damos vida útil a peças que ainda podem ter muito uso.

E criamos também um círculo de confiança — que é um pilar fundamental na aquisição de produtos usados. Confiamos que aquele produto que nos é vendido — e o mercado de resale não é feito só de roupas — está em bom estado e pode ser usado. Confiamos não só em uma marca ou uma plataforma de vendas, mas em pessoas. E partilhamos valores nesse ato, na busca por dar uma nova vida a um produto que já não tem significado para alguém, mas que teve sua importância, sua história, e que não perde todo o seu valor por ser de segunda mão.

Já deu para perceber não só nessa, mas também em outras colunas, que sou uma apaixonada por esse universo do e-commerce, com toda essa gama de possibilidades e ideias. Adoro descobrir essas coisas e compartilhar com vocês, meus leitores aqui na Bússola.

E acredito que terei muitas outras coisas para dividir aqui em breve! Isso porque entre os dias 12 e 13 deste mês, São Paulo vai ser palco do VTEX Day, maior evento de inovação digital da América Latina. Esses dois dias serão uma oportunidade única de troca de experiências entre pessoas, marcas e especialistas e o evento acontecerá em um formato híbrido, mesclando programação presencial, no SP Expo, e uma online, em agenda paralela. O evento contará com a presença de Galloway e de dezenas de outros nomes nacionais e internacionais. Nós, do TGroup, estaremos lá!

*Andréa Fernandes é CEO do T.Group

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