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Ana Busch: "Extrapolations", da Apple TV+, é o "Black Mirror" do ESG

Nova série do canal de streaming mostra o futuro inquietante que nos aguarda, caso a humanidade quebre o gelo fino onde se equilibra

Se o gelo fino da humanidade se quebrar, tudo pegará fogo (EXTRAPOLATIONS - UM FUTURO INQUIETANTE/Divulgação)

Se o gelo fino da humanidade se quebrar, tudo pegará fogo (EXTRAPOLATIONS - UM FUTURO INQUIETANTE/Divulgação)

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Publicado em 22 de março de 2023 às 14h41.

Última atualização em 22 de março de 2023 às 14h58.

Esta semana, editando um texto do head da Beon, Danilo Maeda, duas coisas me chamaram a atenção. Que o autor, especialista em ESG – um rapaz de uma gentileza rara, com a voz sempre baixa, e um texto perfeito, tocava guitarra em uma banda hardcore – e uma frase do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres: "A humanidade está num gelo fino – e esse gelo está derretendo rapidamente. Nosso mundo precisa de ação climática em todas as frentes – tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”.

As consequências da falta de ações que precisariam existir em um nível quase multivérsico, como vaticina Guterres, nos levariam exatamente ao cenário de Extrapolations — Um Futuro Inquietante, a nova série da Apple TV+, que estreou na última sexta, com o estelar elenco que reúne Kit Harington, Meryl Streep, Edward Norton, David Schwimmer, Tobey Maguire, o músico Ben Harper e por aí vai. Em oito episódios, a série apresenta uma perspectiva nem um pouco distópica em que a Terra enfrenta um aquecimento global próximo de 2 ºC já em 2037, superior às metas estabelecidas no Acordo de Paris – ambiciosos 1,5 ºC até 2030, número mágico, além do qual cientistas acreditam que a probabilidade de catástrofes climáticas aumenta barbaramente. Bem, as catástrofes são apresentadas nuas e cruas nos episódios que deixam qualquer um sem ar. Logo na primeira cena, começa a COP42, em 16 de julho de 2037, em Israel. Manifestantes protestam nas ruas. Na TV, Nick Bilton, personagem interpretado por Kit Harington (Jon Snow de Game of Thrones) apresenta sua Alpha Industries, interessada em montar um cassino no Círculo Ártico – e acreditem, isso não é nada.

Ainda assim, ele não deve anunciar que o "inverno está chegando" (nome do primeiro episódio de GOT, que foi ao ar em 2011), já que a Terra toda, em 2037, está ardendo em chamas, tomada por incêndios florestais. Os episódios são longos e reflexivos. Se você espera ação, pode se decepcionar. A emergência climática se desenrola lentamente.

Em um mundo em que israelenses e palestinos convivem em paz e existe cura para o câncer, Extrapolations — Um Futuro Inquietante faz jus ao nome. Os três episódios já disponíveis se passam em 2037, 2046 e 2047. O de 2059 está prometido para depois de amanhã. É muito provável que muitos de nós, ou pelo menos nossos filhos e netos, ainda estejamos vivos nesse tempo. E seria muito bom que o mundo estivesse diferente do que a série apresenta. Mas a humanidade está num gelo fino. E a série mostra o futuro que nos aguarda, caso se quebre a camada onde nos equilibramos. Extrapolations está para o ESG como Black Mirror está para tecnologia. É o seu futuro apresentado sem filtro, para sua reflexão. Se puder e tiver estômago, assista. Para saber um pouco mais sobre sustentabilidade e ESG, consulte os links abaixo. Danilo Maeda: Ainda há tempo para nós

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*Ana Busch é jornalista, diretora de Redação da Bússola e sócia da Tamb Conteúdo Estratégico. Foi diretora da Folha de S.Paulo por mais de 20 anos, fundou a Folha Online e dirigiu áreas com Revistas e Publifolha

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