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Ageless: O que é interseccionalidade?

Termo é a pauta da vez no mundo corporativo

Empresas que incluem diversidade em suas equipes tem 35% mais chance de ter um bom desempenho (Getty/Getty Images)
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Publicado em 5 de junho de 2023 às 20h22.

Por Mauro Wainstock*

“Aprendemos mais com pessoas que desafiam nosso raciocínio que com as que reafirmam nossas conclusões”. A frase é de Adam Grant, um dos profissionais mais influentes na área de Recursos Humanos.

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Esses desafios do nosso raciocínio certamente não são gerados pelas mesmas opiniões das mesmas pessoas que convivemos na nossa mesma “bolha” de todos os dias. A troca de variadas experiências, diferentes perspectivas e bagagens diversificadas propiciam inovação, criatividade e soluções mais assertivas. E isto se traduz nos números: estudo da McKinsey & Company concluiu que empresas com equipes mais diversas têm 35% mais chances de terem um desempenho financeiro acima da média.

Quanto mais pluralidade de profissionais e pensamentos estiver na mesa, maior será a empatia e identificação com os clientes, a possibilidade de acerto no desenvolvimento de produtos e serviços, o oferecimento de um ambiente mais acolhedor de segurança emocional e psicológica e o fortalecimento da cultura organizacional e do senso de pertencimento.

Um dos trabalhos recentes mais interessantes neste sentido abordou o tema da interseção entre as diversidades . A pesquisa “Envelhecimento e desigualdades raciais” teve como objetivo identificar as desigualdades raciais que incidem no processo de envelhecimento da população. Ficou claro que, apesar dos gradativos avanços, ainda há muito o que fazer.

O estudo, realizado pelo Itaú Viver Mais, em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), contou com uma amostra de 1.462 pessoas com 50 anos, residentes em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, e investigou 11 indicadores que compõem o envelhecimento ativo: autoestima, bem-estar, saúde, acesso e prevenção, atividades físicas, mobilidade, inclusão produtiva, inclusão digital, segurança financeira, capital social, práticas culturais e exposição à violência.

Conclusão: há diferenças significativas na experiência do envelhecer que estão associadas com melhores condições de vida e longevidade para grupos raciais historicamente favorecidos. Confira:

Inclusão educacional e aposentadoria

Em todas as faixas etárias pesquisadas as pessoas brancas apresentam maior escolaridade. Por sua vez, as pessoas negras acumulam situações de discriminação em diferentes etapas do ciclo produtivo. As desvantagens para esse grupo social se iniciam nos primeiros anos da vida escolar com efeitos sentidos no acesso ao mercado de trabalho. A população negra apresenta inserções ocupacionais precárias e com baixa cobertura de seguridade social, o que impacta também no acesso à aposentadoria. Nas três capitais pesquisadas, a proporção de pessoas com 50 anos ou mais que recebem este benefício é 9% maior na população branca do que na população negra.

Segurança financeira

50% das pessoas negras com 50 anos ou mais consideram difícil pagar as contas com sua renda mensal, enquanto para mulheres e homens brancos esse percentual é de 44%. Pessoas brancas com mais de 50 anos que estão no mercado de trabalho recebem salários médios de aproximadamente R$ 3 mil. Entre as pessoas negras desta mesma faixa etária, a maior média de salário está no grupo entre 50 e 64 anos, chegando ao valor de R$1.724. As pessoas brancas também possuem maior segurança financeira, considerando a renda do trabalho e outras fontes de renda e de riqueza.

Exposição à violência

Ao longo da vida, homens negros foram ameaçados com arma de fogo 8% mais do que os brancos. Em São Paulo, por exemplo, 28% dos homens negros já foram ameaçados por armas de fogo contra 24% dos brancos, 12% das mulheres negras e 8% das brancas.

Saúde

Este indicador é muito importante no desenvolvimento de um envelhecimento ativo: homens e mulheres negros acessam 16% menos os serviços de saúde privados em relação aos brancos.

Inclusão digital

Mulheres e homens negros acessam 14% menos a internet quando comparados com os brancos. Entre a população negra de 50 anos ou mais, pouco mais de 3 em cada 5 pessoas acessaram a internet (66%), enquanto na população branca essa relação é de 4 a cada 5 pessoas (80%).

Não basta termos consciência de que questões como o equilíbrio social e a interseccionalidade devem ser amplamente debatidas, é prioritário exercitar a escuta ativa e estabelecer um cronograma de ações que contemple o respeito mútuo e a merecida valorização de cada um dos integrantes deste processo, tornando-os igualmente protagonistas, idealizadores, realizadores e corresponsáveis.

Para finalizar, cito uma frase de Martin Luther King: “A verdadeira medida de um homem não está na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio”.

Este conceito também vale para a sociedade e para o mundo corporativo. É o enfrentamento de novos desafios que gera aprendizados, orgulho, conquistas e avanços.

Bora fazer acontecer!

*Mauro Wainstock foi nomeado Linkedin TOP VOICE, é mentor de executivos, conselheiro de empresas, palestrante sobre diversidade etária e sócio-fundador do HUB 40+.

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