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Universidades de SP planejam volta às aulas teóricas somente em 2021

Por enquanto, somente aulas laboratoriais e práticas foram retomadas adotando todos os protocolos de segurança

USP: instituições de ensino do estado de São Paulo foram fechadas na segunda quinzena de março (USP/Divulgação)

USP: instituições de ensino do estado de São Paulo foram fechadas na segunda quinzena de março (USP/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 16h42.

Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 17h19.

O receio de um possível contágio pelo novo coronavírus por parte de estudantes, docentes e funcionários faz universidades particulares e públicas do estado de São Paulo planejarem a retomada de aulas teóricas em salas de aula apenas para o ano que vem. Este foi o tema do quinto dia do Summit Educação 2020, evento online e gratuito, realizado pelo Estadão, que começou na segunda-feira, 24, e vai até a próxima segunda-feira, 31.

As instituições de ensino do estado de São Paulo foram fechadas na segunda quinzena de março, após decreto de quarentena. Por enquanto, somente aulas laboratoriais e práticas foram retomadas adotando todos os protocolos de segurança. Para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), entidade que representa mantenedoras, existe preocupação com possível volta antes da hora.

"As aulas teóricas em salas de aula não podem ser retomadas diante da atual situação, com fatores complicadores. Docentes [que estão ou não no grupo de risco] estão com medo, alunos também não querem retornar agora. É uma combinação complicada. Por enquanto, conseguimos voltar com as aulas laboratoriais e práticas", apenas com 35% dos alunos e respeitando o distanciamento social.

Pressionadas por alunos pelo pagamento de mensalidades, o diretor executivo do Semesp afirma que algumas universidades até queriam retomar aulas ainda no segundo semestre. "Mas é preciso levar em consideração que o custo é muito caro para voltar com 35% [dos alunos], já que seria preciso toda uma estrutura [com todos cuidados e protocolos] que custa caro e é um complicador."

Capelato acredita que, apesar das dificuldades, o ano também traz transformações positivas para o ensino superior. "Professores estão fazendo trabalhos maravilhosos, que servirão como fontes de pesquisas. As escolas dão possibilidade de o aluno continuar com aulas online neste semestre. É o primeiro caminho para o ensino híbrido, combinar aulas presenciais e continuar com remoto."

Assim como o ensino superior privado, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), mantêm os planos de retomar aulas teóricas em salas de aula apenas em 2021.

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, afirma que na entidade, assim como nas outras duas universidades públicas paulistas, a intenção é manter as aulas teóricas online durante o segundo semestre deste ano. Mesmo sem uma data prevista, as instituições de ensino elaboram planos para uma retomada segura.

"Praticamente tudo online. Quando pudermos voltar, com muito cuidado, já temos plano de retorno gradual com testagem de toda a comunidade, treinamento das pessoas para atender preferencialmente estudantes que estão se formando e precisam de aulas práticas que faltaram. Por exemplo, como fazer estudante de odontologia voltar neste momento mantendo distanciamento social. Depois, será a vez dos estudantes que acabaram de entrar na universidade, contato importantíssimo para estabelecer relações e participar efetivamente da universidade".

Na Unicamp, hoje são mais de 11 grupos de trabalho estudando como devem ser adotados os protocolos de segurança. "O retorno será gradual com 20% dos alunos a cada duas semanas, podendo demorar mais de dez semanas para ser concluído", disse Knobel. Ele também não descarta a possibilidade de novo fechamento. "Se a situação piorar, voltaremos à estaca zero. Parar foi difícil, mas voltar é muito mais complicado. Não sabemos se teremos vacinas logo. É um dilema que estamos vivendo em todas as universidade do Brasil e do mundo."

Enquanto isso, as áreas de saúde e pesquisa continuam atuando na Unicamp e em outras universidades, "somente na Unicamp há mais de 70 grupos de pesquisas dedicados também ao combate à covid-19." A USP também permitiu o retorno presencial de atividades de pesquisa e a volta de até 30% dos funcionários técnico-administrativos nos campus da capital paulista.

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), os trabalhos sobre o novo coronavírus também foram mantidos, "já as aulas teóricas em salas de aula, assim como na maioria das federais, não serão retomadas neste ano", disse João Carlos Salles, reitor da entidade, ao destacar que a pandemia impôs desafios para a continuidade do ensino. "Dificuldade financeira do estudante, dificuldade de acesso a internet, capacitação dos alunos e o dilema de como garantir a qualidade do ensino."

Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, coordenada pelo Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP, avalia que a pandemia acelera a necessidade de mudanças dentro de instituições de ensino. "Repensar o formato da universidade do mundo inteiro. Hoje os conteúdos estão disponíveis com mais facilidade. Foi possível manter praticamente mesmo aprendizado do ensino presencial no online."

Por outro lado, Ramos defende a importância do cuidado com a saúde mental de estudantes, professores e funcionários neste momento. "O socioemocional será essencial em um momento de retorno. Cada um reage de uma maneira, em razão da ansiedade e pessoas queridas que faleceram por causa da covid-19."

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