Brasil

Tombini cita descompasso entre oferta e demanda

Presidente do BC acredita que atual situação precisa de uma capacidade analítica mais sofisticada

Tombini, presidente do BC: meta de desaceleração do crédito é de 15% (Agência Brasil)

Tombini, presidente do BC: meta de desaceleração do crédito é de 15% (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 22 de março de 2011 às 12h37.

Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou hoje que elementos subjacentes da economia apontam um descompasso entre a oferta e a demanda. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ele afirmou que a resposta de política monetária requer moderação da atividade econômica.

Segundo ele, o BC conduz sua política monetária focada na meta de inflação. Ele alertou que a situação atual demanda uma maior e mais sofisticada capacidade analítica do quadro atual. Tombini destacou que o BC tem feito um monitoramento analítico do quadro externo, principalmente de elevação dos preços das commodities, mas avaliou que a alta dos preços das matérias-primas não é o único fator que explica a inflação elevada. Entre outros fatores, ele cita a concentração atípica de choque de preços em 2011 e uma pressão de preços no setor de serviços.

Tombini ponderou que essa alta nos serviços já vem ocorrendo há algum tempo e não é exclusiva do momento atual, mas decorrente de uma mudança estrutural da economia brasileira. Ele destacou que essa inflação de serviços tende a ser maior que a inflação média. Para Tombini, essa inflação tem se alargado e é hoje fonte de preocupação. Em mais um recado, ele chamou atenção para a necessidade de reflexão sobre uma agenda de ganhos de produtividade na economia brasileira.

Crédito

Tombini também admitiu que já começou a ver um aumento na inadimplência do crédito no sistema financeiro. Segundo ele, isso é parte do ciclo econômico, que entrou em fase de desaceleração por conta do impacto das ações de política monetária e macroprudenciais. Tombini alertou que a desaceleração no ritmo de expansão do crédito é desejável e definiu até um alvo: alta de, no máximo, 15% neste ano.


"Um crescimento do crédito acima de 15% neste ano será observado com cuidado pelo BC. A desaceleração aumenta a inadimplência, mas isso faz parte do processo. Estamos fazendo um monitoramento sobre as carteiras de crédito", disse Tombini. "Crescimento de 10% a 15% no crédito seria adequado; de 15% a 20%, não", completou.

Bancos

Tombini informou ainda que a posição vendida das instituições financeiras caiu de US$ 17 bilhões, antes da adoção das medidas macroprudenciais, em dezembro, para US$ 7 bilhões, agora. Em fevereiro, a posição vendida dos bancos era de US$ 12,7 bilhões. Segundo o presidente do BC, ao longo de 2010 a posição vendida das instituições financeiras era forte. Ele afirmou que o BC continuará monitorando o impacto das medidas adotadas e agindo para evitar desequilíbrios.

Ele disse que as ações macroprudenciais ajudam na política monetária e afetam a demanda agregada e o mercado de crédito. Segundo Tombini, o BC já tem credibilidade estabelecida e que a economia brasileira tem um arcabouço bem constituído. Ele destacou que as medidas macroprudenciais buscaram manter a estabilidade do sistema financeiro como um todo, e não só estabelecer procedimentos prudenciais para uma única instituição financeira. "O objetivo foi garantir o equilíbrio geral", afirmou.

Segundo o presidente do BC, por mais que o banco esterilize o excedente de dólares do País, por meio do acúmulo de reservas, sempre há uma parcela que permanece no mercado. Segundo ele, essa expansão de recursos é preocupante, porque pode gerar preços excessivos e afetar a taxa de câmbio. Ele afirmou que o BC tem como tarefa propiciar para a sociedade brasileira um quadro de estabilidade de preços e que isso deve ser feito com uma política monetária e regulatória.

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