USP: a paralisação só será encerrada quando a reitoria também aprovar a sugestão feita pela Justiça (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2014 às 10h09.
São Paulo - Professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) deram o primeiro passo para pôr fim à greve que completa 106 dias nesta terça-feira, 9, uma das mais longas do ensino superior público do Estado.
Por ampla maioria, os servidores decidiram, em assembleia, aceitar a proposta do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) de reajuste de 5,2% e abono de 28,6%. A paralisação, no entanto, só será encerrada quando a reitoria também aprovar a sugestão feita pela Justiça.
A resposta da USP é esperada para hoje, quando o reitor Marco Antonio Zago se reúne com os reitores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Somente a USP ajuizou ação contra a greve, mas as três instituições negociam juntas as políticas salariais. Amanhã, haverá nova audiência de conciliação no TRT, na qual grevistas e reitoria apresentam suas deliberações. Apenas na quinta-feira, grevistas votam, em assembleia, o fim da paralisação.
Ontem, cerca de mil grevistas participaram da assembleia, segundo os sindicalistas, na frente do prédio da reitoria, no câmpus Butantã, zona oeste da capital. Em seguida, os líderes do movimento se reuniram com representantes da administração central para negociar as condições para encerrar a paralisação, mas nada ficou decidido. O reitor não participou.
No documento final levado à reitoria, os grevistas reafirmaram o que foi proposto na semana passada pelo TRT: o reajuste dividido em duas parcelas - a primeira em setembro (a ser paga em outubro) e a segunda em dezembro (a ser paga em janeiro) e o abono a ser depositado após dez dias do acordo. O valor corresponde à defasagem salarial desde maio, quando começaram as negociações.
A Associação dos Docentes da USP (Adusp), que também esteve em assembleia própria, aprovou a medida e se propôs a levar aos reitores que o mesmo acordo seja ofertado à Unesp e à Unicamp.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno Carvalho, considerou que, apesar de a proposta ser menor do que o pedido inicialmente - 9,78% -, houve avanço. "Apesar de ser uma proposta bem abaixo, nós quebramos a intransigência do reitor que passou 105 dias para chegar a uma proposta."
Questionado sobre o fim da greve, Carvalho afirmou que espera algumas garantias da reitoria, como a não demissão de líderes e a certeza de que não precisarão repor todas as horas trabalhadas, mas apenas o serviço acumulado na paralisação.
Os grevistas também pedem reposição dos valores suspensos do vale-refeição e correção de descontos previdenciários. Entre outras reivindicações, o documento pede à reitoria que encaminhe ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) a demanda pelo aumento das verbas das universidades para 10,5% de todo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) arrecadado - hoje é de 9,57%.
Hospital
Embora não esteja diretamente ligada à pauta de discussões para finalizar a paralisação, a desvinculação do Hospital Universitário da USP (HU) ainda pode ser tema de outro protesto dos grevistas. O assunto começou a ser debatido depois de a reitoria da universidade anunciar a medida com o objetivo de cortar gastos e diminuir a crise financeira.
Carvalho disse que podem ocorrer novas paralisações e manifestos. "Vamos fazer um ato no Palácio (dos Bandeirantes, sede do governo paulista) para exigir que o governo não aceite essa mudança no HU."
Na última reunião do Conselho Universitário da instituição, no dia 2 deste mês, ficou acertado que uma comissão técnica avaliaria a transferência de responsabilidades para a Secretaria Estadual da Saúde, com 30 dias para apresentação do estudo.
Uma das solicitações formais do documento dos trabalhadores enviado à reitoria ontem para o fim da paralisação prevê um "calendário de negociação dos demais itens da pauta", em que se inclui a desvinculação do hospital.
Eles chegaram a discutir se incluíam o HU nominalmente no texto, mas entenderam que isso poderia atrasar o resultado do acordo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.