Exame Logo

Sabesp negou oferta barata para assinar com a Odebrecht

A Sabesp desclassificou um consórcio que tinha oferecido o menor preço para assinar um contrato R$ 22,7 milhões mais caro com a Odebrecht

Sabesp: consórcio desclassificado contestou o contrato na Justiça e a obra acabou nunca sendo feita (Sabesp/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de abril de 2017 às 09h47.

Brasília - Envolvida nas delações da Lava Jato, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo ( Sabesp ) desclassificou um consórcio que tinha oferecido o menor preço para executar obras de esgoto na Praia Grande, cidade do litoral sul paulista, para assinar um contrato R$ 22,7 milhões mais caro com a Odebrecht, em 2014.

O edital da obra, que previa a construção de um emissário submarino, foi publicado em 1.º de março de 2014 pelo então diretor da estatal João Paulo Papa, hoje deputado federal pelo PSDB.

Veja também

O contrato, no valor de R$ 339,9 milhões, foi assinado em junho, mas acabou sendo suspenso pela Justiça a partir de uma liminar obtida pelo consórcio desclassificado. A obra nunca foi feita.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta terça-feira, 25, que planilha entregue à Lava Jato pelo executivo da Odebrecht Benedicto Júnior vincula a obra 'Emissário Praia Grande' a pagamentos de R$ 1,5 milhão de caixa 2 para a campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014 e de R$ 300 mil para o deputado Papa, que deixou a Sabesp após lançar o edital, em março daquele ano.

A Odebrecht já havia construído outro emissário na Praia Grande, em 2010, por R$ 280 milhões. Na nova licitação, a Sabesp desclassificou o consórcio CMR4/Augusto Velloso alegando falta de capacitação técnica.

As empresas afirmaram que o edital foi direcionado para a empreiteira. A Sabesp recorreu duas vezes à Justiça para validar o contrato mais caro, mas ele segue suspenso por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de dezembro de 2016.

Em nota, Papa nega ter recebido doação de caixa 2 em 2014 e afirma que o edital da obra foi feito "de acordo com a lei" e que já não estava mais na Sabesp quando a licitação foi concluída.

A Sabesp reiterou que as obras relativas ao Emissário de Santos foram realizadas quando Papa não tinha mais vínculo com a companhia e, quanto ao Emissário de Praia Grande, disse que "até o presente momento não houve qualquer pagamento relacionado a este contrato".

Alckmin

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta terça-feira que não tem procedência a vinculação de uma obra da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a supostos pagamentos ilícitos para as campanhas eleitorais em 2014 do PSDB, conforme delatou o ex-presidente da Odebrecht Benedicto Júnior.

Segundo Alckmin, a obra citada foi licitada em 2006, teve o contrato assinado em 2007 e se encerrou em 2010.

"Essa informação não tem nenhuma procedência. O contrato acabou faz sete anos." O governador afirmou que "é preciso ter cuidado" com uma delação e que a denúncia sobre a Sabesp pode não ter relação entre o contrato e doações eleitorais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaNovonor (ex-Odebrecht)Sabesp

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame