Estação Sé do Metrô: a Sé, que conecta as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, é a mais violenta (Luiz Aymar/Viagem e Turismo)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 08h37.
São Paulo - O número de furtos e roubos tem crescido no metrô de São Paulo e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) acima do aumento de passageiros nas redes.
Dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP) mostram que a quantidade de crimes contra o patrimônio em 2013 quase dobrou no sistema na comparação com 2012.
Os furtos passaram de 3.439 em 2012 para 5.664 entre janeiro e novembro de 2013, um aumento de 64%. Os roubos - ação com violência - subiram de 173 para 306 (76%).
Outra série estatística obtida no metrô pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação revela quais são as estações da rede metroviária com mais ocorrências. A Sé, que conecta as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha, é a mais violenta.
Entre 1º de janeiro e 11 de dezembro de 2013, um total de 136 furtos foi anotado pela área operacional do metrô na parada. Em seguida, vem a Palmeiras-Barra Funda, com 77 furtos. Trata-se de duas estações entre as mais movimentadas da malha do metrô.
Quando se consideram os roubos, a situação se inverte: a Barra Funda, com 13 casos, fica à frente da Sé, que teve 12. Na Linha 1-Azul, além da própria Sé, a Luz é a segunda colocada em casos de furtos (38) e roubos (7).
Os dados repassados pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), porém, divergem das estatísticas da SSP pelo fato de não contabilizarem todos os boletins de ocorrência encaminhados para a Delegacia do Metropolitano (Delpom).
As informações disponíveis no banco de dados da SSP são mais completas porque contêm ocorrências registradas nas delegacias eletrônicas e até mesmo de crimes registrados no entorno da rede metroferroviária.
De acordo com a Secretaria de Transportes Metropolitanos, os dados das companhias "são obtidos com base nos registros feitos na Delpom, que envia a cópia dos boletins para as duas companhias", mas a SSP "contabiliza também informações de outras fontes de registro", explica.
Assim, pelos registros do Metrô, a Linha 3-Vermelha é a campeã de furtos na rede - os
dados não computam ocorrências na Linha 4-Amarela, que é administrada pela concessionária ViaQuatro. Em 2012, segundo as estatísticas à disposição do Metrô, ao menos 415 furtos e 68 roubos foram registrados nas 18 estações do ramal, incluindo as de transferência com outras linhas, como a Sé e a República, no centro.
Distração
De acordo com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade) da Polícia Civil, passageiros distraídos são o principal alvo dos assaltantes.
"Geralmente, as vítimas dormem nos trens e acabam sendo furtadas", diz. Gonçalves afirma que a superlotação também facilita a ação dos bandidos. Telefones celulares e bolsas estão entre os itens mais levados.
A gastrônoma Reinaldete Masão, de 32 anos, já foi assaltada três vezes no metrô. A última, em setembro, num túnel de acesso à Estação Sé. "Eram 16h30 de uma quinta-feira, tinha bastante gente no local, mas nenhum segurança. O cara me apontou o revólver e pediu a bolsa. Perdi todos os documentos."
O ajudante de pedreiro Fernando José dos Santos, de 25 anos, quase foi furtado dentro de um vagão lotado, também na Estação Sé, na Linha 3-Vermelha, no sentido Corinthians-Itaquera. "Senti alguém tentando puxar a carteira do bolso da calça. Agora, só fico com as mãos dentro dos bolsos, por precaução", diz.
Passageiros
Em 2012, a quantidade de passageiros transportados no metrô cresceu proporcionalmente menos do que as ocorrências de furtos e roubos. Foi 1,297 bilhão de passageiros em 2013, 3,1% a mais do que no ano retrasado.
O Metrô não tem dados atualizados sobre cada ramal, mas em 2012 a Linha 3-Vermelha, a mais sobrecarregada, levava, na média por dia útil, 1,191 milhão de passageiros. Já a 1-Azul, 1,039 milhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.