Redação Exame
Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 07h39.
O ex-presidente Jair Bolsonaro formalizou na última quinta-feira, 25, em carta, a indicação do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como seu candidato à Presidência da República em 2026.
A mensagem foi lida pelo próprio Flávio na porta do hospital DF Star, em Brasília, pouco antes da cirurgia do pai, na manhã de Natal, para corrigir uma hérnia inguinal bilateral.
No texto, redigido de próprio punho, Bolsonaro diz que a decisão por Flávio é “consciente e legítima”.
A carta reafirma a escolha do ex-presidente pelo filho, em um momento em que Flávio busca driblar obstáculos e se firmar como candidato.
Diante do hospital, Flávio afirmou que a carta “retira qualquer sombra de dúvida” sobre sua pré-candidatura e cobrou unidade da direita em torno de seu nome.
"Como muitas pessoas dizem que não ouviram da boca dele, acho que isso aqui retira qualquer sombra de dúvida. Para mim não muda nada, mas para quem ainda não estava acreditando pode ser que mude", disse o senador.
Na carta, Bolsonaro diz que a escolha por Flávio representa a continuidade de seu projeto político.
“Entrego o que há de mais importante na vida de um pai: o próprio filho para a missão de resgatar o nosso Brasil. Trata-se de uma decisão consciente, legítima e amparada no desejo de preservar a representação daqueles que confiaram em mim”, afirma o ex-presidente na carta.
Bolsonaro também afirmou ter indicado o filho por conta do que chamou de “cenário de injustiça”, em referência velada à sua condenação a 27 anos de prisão no processo da tentativa de golpe, sentença que o impede de disputar eleições por todo esse período.
Após a leitura do texto, além de cobrar união de aliados em torno de sua candidatura, Flávio citou um dos irmãos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, e a madrasta, Michelle. O senador afirmou que os três estão “em primeiro lugar, imbuídos na saúde” do ex-presidente, para “depois dar continuidade” a pretensões eleitorais.
Flávio tenta contornar resistências à sua pré-candidatura, embora pesquisas indiquem que ele está a frente de outros nomes cotados da direita.
Desde então, o senador vinha recebendo críticas de lideranças da direita próximas ao pai, como o pastor Silas Malafaia, e de presidentes de siglas do Centrão. A escolha por Flávio também gerou resistências dentro da família Bolsonaro, em especial de Michelle.
Malafaia chegou a declarar que Flávio não tinha “musculatura política” para uma corrida eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concorrerá à reeleição.
Já o presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmou que, apesar da proximidade com o filho do ex-presidente, política “não se faz só com amizade”, mas sim “com pesquisas, viabilidade e ouvindo os partidos aliados”.
Até então, a única manifestação sobre o lançamento de Flávio como presidenciável havia sido feita pelo próprio senador, no início de dezembro, quando disse ter sido autorizado pelo pai a fazer o anúncio.
Antes da cirurgia, havia a expectativa de que Bolsonaro aproveitasse uma entrevista ao portal Metrópoles, marcada para terça-feira, para anunciar o filho como seu sucessor. A entrevista, porém, foi cancelada pouco antes do horário marcado.
Caso a carta de Bolsonaro, com o anúncio do apoio a Flávio, não tivesse sido lida ontem, havia a possibilidade de que o senador entrasse em 2026 ainda sem uma sinalização pública do pai de endosso à sua pré-candidatura.
*Com informações do Globo