Para Covas, críticas a Bolsonaro cabem ao PSDB no Congresso
De acordo com o prefeito de São Paulo, apoio ou ataques a Bolsonaro não dizem respeito à sua função
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de agosto de 2020 às 14h23.
Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 14h54.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas ( PSDB ), afirmou nesta terça-feira, 18, que a responsabilidade de articular a oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é dos representantes do partido na Câmara e no Senado Federal. A declaração foi feita à Rádio Eldorado.
Questionado sobre os ataques constantes de Bolsonaro a governadores e prefeitos, Covas disse entender que faltou coordenação por parte do governo federal, mas se negou a responder às falas do presidente e a se posicionar como oposição.
"Esse é um papel que cabe à bancada do PSDB na Câmara e no Senado Federal. Não cabe ao prefeito da cidade de São Paulo utilizar seu espaço para fazer articulação política ou fazer defesa ou ataque ao presidente da República. Acho que até meu papel é buscar o governo federal para atuar aqui na cidade. É claro que, do meu ponto de vista, faltou coordenação nesse momento de pandemia, mas o papel de oposição cabe à bancada do PSDB", disse Covas.
Segundo o prefeito, a preocupação com as articulações políticas no plano federal, principalmente em meio à pandemia, fica em segundo plano. "Brasília é outro mundo. Eu estou aqui na ponta, preocupado com a população, com atendimento lá no posto de saúde. Eu não estou preocupado com essas grandes articulações de Brasília, eu acho que não cabe a mim nesse momento", afirmou.
O prefeito também adotou uma postura cautelosa ao comentar os preparativos para as eleições municipais deste ano. Questionado sobre a possibilidade de Marta Suplicy aparecer como vice em sua chapa à prefeitura, Covas afirmou que o nome só deve ser confirmado na última semana da convenção partidária, prevista para 12 de setembro.
"A preocupação agora ainda é fechar quais partidos devem compor a nossa aliança. Assim que definirmos, vamos sentar com todos eles para definir o nome a vice. Não tem sentido a gente escolher o nome a vice e depois não ter a participação deles nessa escolha", afirmou o prefeito.
Perguntado sobre se o nome de Marta Suplicy aparecia forte na disputa, o prefeito respondeu: "Ela e outros nomes que outros partidos políticos possam apresentar".
Ele também preferiu não comentar sobre as associações feitas por opositores entre ele e o governador de São Paulo, João Doria, criticado pelo alinhamento com Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018.
"Nesse momento, não vou cair em provocação de pré-candidato. Até porque estamos enfrentando uma pandemia aqui na cidade de São Paulo, então é uma pena que eles estejam só preocupados com a questão eleitoral. Só vou falar como candidato a partir do dia 12 de setembro quando eu for escolhido como candidato."
Investigações no PSDB
Covas também comentou as investigações contra o senador José Serra e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lideranças históricas do PSDB. O prefeito disse defender uma apuração dos fatos, mas pontuou diferenças entre os casos dos representantes paulistas e do deputado federal Aécio Neves, a quem pediu punição pelo envolvimento em investigações.
"A grande diferença é que no caso do ex-senador e ex-governador Aécio Neves, tem um áudio. Foi vazado aqui. Todo mundo teve conhecimento dele pedindo dinheiro à JBS. Então não havia sentido, no meu ponto de vista, aguardar o julgamento para poder, de alguma forma, ter alguma atuação partidária que pudesse suspendê-lo ou expulsá-lo do PSDB. Acho que o partido perdeu ao não tomar essa atitude, que era o que se esperava do PSDB naquele momento. E aí a gente viu a derrota do partido em 2018", afirmou.
O prefeito defendeu que as denúncias contra Serra e Alckmin sejam investigadas, mas disse ter confiança que ambos vão provar inocência no Judiciário.