O jogo das aparências por trás da crise na reforma da Previdência
ÀS SETE - Governo montou a operação abafa para amenizar os efeitos do adiamento da votação da reforma da Previdência no mercado
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2017 às 06h46.
Última atualização em 14 de dezembro de 2017 às 07h24.
Volta hoje à Praça dos Três Poderes o lema do governo Temer: “ares de normalidade”. Depois do bate-cabeça entre o Palácio do Planalto e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), na noite de ontem, foi montada a operação abafa para amenizar os efeitos do adiamento da votação da reforma da Previdência no mercado e valorizar o início das discussões sobre a proposta, nesta quinta-feira.
O depende de Brasília começa no hospital paulistano Sírio Libanês. Michel Temer passará por nova avaliação na manhã desta quinta-feira, depois de procedimento cirúrgico para obstrução urinária, e, se liberado, ruma à capital para reunião com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
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A nota do Palácio do Planalto, divulgada ontem para desautorizar Jucá, deixa em aberto a data para que a votação seja realizada, dizendo que se espera a leitura da emenda do deputado Arthur Maia (PPS-BA), programada para hoje. Os debates começam na próxima semana. Nesse vão, haveria a possibilidade de votar até o dia 21 de dezembro, quando deputados voltam a seus estados para o recesso de fim de ano.
Tudo indica, contudo, que Jucá, desautorizado ou não, é quem está com a contabilidade mais afiada. Para colocar o texto em Plenário, líderes da base querem ter de 320 a 330 votos favoráveis. Em enquetes feitas pelos jornais sobre a disposição de aprovar a reforma, os votos negativos chegaram a 244.
Sobram apenas 269 votos dos 308 necessários para aprovação da pauta. Prometeu-se para reverter o resultado pressão nos ministros pelo fechamento de questão e a liberação ainda este ano 2 bilhões de reais em emendas para as prefeituras. Até agora, sem muito efeito.
Quatro partidos fecharam questão (PMDB, PTB, PPS e PSDB), mas não garantem todos os votos da bancada em favor da reforma.
Outro que deve entrar na conta nos próximos dias é o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). “Acho que hoje a gente tem uma situação bem melhor do que tinha nas últimas semanas e ela vai continuar melhorando. Com esse crescimento, chega a 308 votos”, disse Maia.
Enquanto o governo se arrasta, os dias passam. A insistência em dizer que a reforma é possível se dá porque agências de risco — e consequentemente, o mercado — olham com atenção a movimentação do governo.
Temer disse ontem que teme a piora dos índices econômicos sem a reforma. A bolsa caiu 1,22% ontem. Manter as aparências, neste ambiente, é fundamental.