Lula, 2ª instância e nova pauta bomba no STF: os temas da semana
Ex-presidente deve começar agenda de viagens pelo Brasil, enquanto Congresso se debruça sobre mudança constitucional; STF seguirá como protagonista
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2019 às 07h10.
Última atualização em 11 de novembro de 2019 às 07h32.
Os próximos dias devem ser de atenções políticas divididas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Congresso e a onipresente Suprema Corte.
Após discursar no sábado, em São Bernardo do Campo, Lula deve retomar hoje agenda de trabalho em seu instituto e falar com políticos internacionais que lhe manifestaram apoio, como o senador americano Bernie Sander e o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández. Começa, também, a organizar uma agenda de viagens pelo Brasil. A primeira parada, segundo a Folha de S. Paulo, deve ser o Recife, onde o ex-presidente participa, no domingo, de um festival de música que deve servir de palco para ele falar a seus apoiadores no Nordeste.
Resposta direta à sua soltura, na sexta-feira, o Congresso começa a se debruçar sobre uma possível alteração constitucional que permita a prisão após condenação em segunda instância. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pode votar, já nesta segunda-feira, uma Proposta de Emenda à Constituição, a 410/18, que deixa clara a possibilidade de prisão. Hoje, a Constituição diz que o réu só pode ser considerado culpado após o trânsito em julgado, ou seja, após o esgotamento de recursos em todas as instâncias, o que levou o Supremo Tribunal Federal a considerar inconstitucional a prisão após segunda instância.
Há uma proposta semelhante em tramitação no Senado. Mas aprovação de uma mudança à Constituição é considerada difícil por analistas uma vez que dezenas de políticos podem ser pessoalmente prejudicados. A aposta dos defensores da medida é conseguir apoio dos partidos do Centrão, que poderiam vir a se sensibilizar após as manifestações realizadas no sábado contra a decisão do Supremo.
Outro destaque do Congresso deve ser a Previdência. Na terça-feira será promulgada, em sessão solene, a reforma que deve economizar cerca de 800 bilhões de reais em dez anos. No Senado, também na terça-feira serão votados os quatro destaques da PEC paralela da Previdência, que trata de estados e municípios. Depois, o texto deve ser votado em segundo turno pelos senadores antes de ir para a Câmara.
Assim como na semana passada, a Justiça deve continuar rivalizando com a política no noticiário nacional. O personagem, mais uma vez, é o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli. Toffoli deu o voto decisivo contra a prisão em segunda instância, na quinta-feira.
Agora, na quinta-feira 21 o Supremo se debruça sobre outra decisão de Toffoli, que paralisou as investigações com dados do antigo Coaf (que trata de movimentações financeiras) sem autorização judicial. Toffoli é o relator da pauta que interessa diretamente ao senador Flávio Bolsonaro, autor do pedido que suspendeu as apurações. Em julho, a decisão de Toffoli interrompeu uma investigação de Toffoli contra Flávio, suspeito de ter se apropriado de parte dos salários de servidores.
A nova pauta do Supremo levou, segundo analistas políticos, a família presidencial e seus apoiadores mais próximos a evitar críticas mais contundentes ao Supremo após a decisão que levou à soltura de Lula. Em entrevista ao O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira, Toffoli afirmou que “o Judiciário e a Justiça são feitos para a pacificação social”. Nada mais distante do que se vê no Brasil de 2019.