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Lei de abuso pode ser o fim da Lava Jato, diz procurador

Procurador afirma que projeto de lei apoiado por Renan Calheiros "vai propiciar um esquema no qual não vai haver mais lava jatos de nenhuma espécie"

procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da operação Lava Jato (Heuler Andrey/Reuters)

procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da operação Lava Jato (Heuler Andrey/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 22 de outubro de 2016 às 11h12.

São Paulo – Uma lei que está em discussão no Congresso pode ameaçar a Operação Lava Jato e outras investigações que envolvam o crime do colarinho branco. É o que diz o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa que tem abalado políticos e empresários no país. As declarações foram feitas ao jornal O Estado de S.Paulo.

“O texto do projeto tem por finalidade principal criar constrangimento para quem investiga situações envolvendo pessoas poderosas, especialmente empresários e políticos”, afirmou o procurador em entrevista.

Ressuscitado este ano, o tema é alvo do projeto de lei 280/2016, que reforma a Lei de Abuso de Autoridade e tem atuação direta do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).

O assunto ganhou novo fôlego após a deflagração da Operação Métis, que prendeu policiais legislativos dentro do Congresso Nacional.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a ação da Polícia federal deixou Renan Calheiros “furioso” e abre espaço para a aprovação do projeto contra o abuso de autoridade.

Porém, segundo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a aprovação do texto como está significaria a “volta do modelo de Justiça criminal para os pobres”, no qual ricos e poderosos não vão para a cadeia.

“O que uma lei dessa vai propiciar é um esquema no qual não vai haver mais lava jatos de nenhuma espécie. A não ser que a pessoa arrisque sua vida pessoal e profissional. Porque ela vai ser ameaçada por corruptos e bandidos em geral, porque vai estar exposta a todo tipo retaliação. Eu posso sofrer uma ação penal privada, é um absurdo”, disse o procurador ao Estado.

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