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Governo vai enviar reforma administrativa ao Congresso, diz Maia

Presidente da Câmara também afirmou, em seu podcast semanal, que Davi Alcolumbre está articulando a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo

Rodrigo Maia: presidente da Câmara falou sobre reforma administrativa e sobre a cessão onerosa em seu podcast semanal (Michel Jesus/Agência Câmara)
BC

Beatriz Correia

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 17h08.

Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 09h48.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o governo ficou de encaminhar ao Congresso uma proposta de reforma administrativa . Segundo Maia, a informação é do ministro da Economia, Paulo Guedes . "O governo, me disse o ministro Paulo Guedes - tivemos uma ótima conversa - ficou de encaminhar a reforma administrativa", disse Maia em seu Podcast semanal.

O presidente da Câmara afirmou também que era preciso deixar "bem claro" que "ninguém está querendo olhar para trás", e que a ideia é reorganizar a estrutura administrativa em relação ao futuro. "Porque a imprensa hoje trata, jornais tratam de uma forma do meu ponto de vista equivocada. Primeiro, iniciativa do governo, claro. Segundo, que ninguém está querendo olhar para trás", disse.

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Uma das discussões sobre a reforma administrativa gira em torno da estabilidade do servidor. Maia já disse em outros momentos que a estabilidade de servidores em atividade não seria discutida, apenas dos novos.

No podcast desta segunda-feira, 7, ele pontuou que a reforma administrativa geral é iniciativa do governo e que a Câmara já começou o trabalho de reorganização da estrutura "sempre olhando para a frente".

"Não queremos esse embate para o passado, reorganizando a estrutura administrativa no que trata de eficiência, e da estrutura salarial vinculada a essa eficiência para o futuro, é o caminho correto, não se gera atrito e se avança", afirmou o presidente da Casa, que disse ainda ter tido ontem "uma boa reunião" com presidente Jair Bolsonaro sobre projetos que estão na pauta, e na quinta-feira, com Guedes.

Cessão onerosa

Maia também disse que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está coordenando entre senadores e deputados um acordo sobre a divisão de recursos do megaleilão do pré-sal. O deputado disse que o acordo é para se chegar a um entendimento sobre a parte destinada aos Estados. Ele afirmou que a Câmara "nunca quis reduzir" a participação de 15% dos recursos para esses entes.

Como já mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o objetivo do acordo é pôr fim à disputa deflagrada entre os Estados do Norte e do Nordeste, maiores contemplados pela proposta aprovada no Senado, e os das demais regiões, que reclamam de terem sido "excluídos" da negociação.

Nesta segunda-feira, Maia fez a ponderação sobre os diferentes interesses que precisam ser equilibrados no acordo, em função das diferenças regionais.

"O Senado tem uma composição de maioria de senadores de duas regiões do Brasil, e a Câmara tem composição que três regiões têm maioria", disse ele.

O texto aprovado pelo Senado faz a distribuição por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que privilegia aqueles com menor renda per capita. Por esse critério, Norte e Nordeste abocanham 77,6% do que entrar no fundo, e os demais ficam só com 22,4%.

Governadores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste já procuraram a cúpula do Congresso para protestar contra o texto. Uma das opções seria incluir na proposta R$ 4 bilhões adicionais, que seriam destinados segundo os critérios de divisão da Lei Kandir.

"Ninguém discute os 15%, mas é claro que a forma da distribuição pelo FPE agrada algumas regiões do Brasil e a regra de distribuição por outro indicador, como a lei Kandir, agrada outras regiões, é esse equilíbrio que a gente precisa ter", disse Maia.

O senador Major Olímpio (PSL-SP), líder do partido do presidente Jair Bolsonaro no Senado, disse nesta segunda, ao Broadcast que espera para "hoje à noite ou amanhã cedo" uma posição de Alcolumbre sobre o impasse.

"Eu espero que não tenha mais impasse. Vamos tentar, dentro da política, sensibilizar as bancadas e os senadores para a gente votar (a reforma em segundo turno)", disse Major Olímpio, acrescentando que a discussão sobre a partilha dos recursos é legítima, mas que "pelo bem do País" os senadores devem abdicar do embate e votar o projeto.

Na semana passada, o desacordo fez com que os senadores reduzissem em R$ 76,4 bilhões a economia com a reforma em dez anos, com a derrubada de mudanças no pagamento do abono salarial durante a votação dos destaques ao projeto, após a aprovação em primeiro turno no Senado.

Na manhã desta segunda-feira, em evento na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o senador afirmou que "talvez consigamos votar Previdência em segundo turno no Senado no dia 22".

Major Olímpio disse que o Senado poderia tentar votar o projeto no dia 15, mas que para isso os senadores que viajarão ao Vaticano nesta semana para acompanhar a canonização de Irmã Dulce precisariam voltar ao Brasil na próxima segunda-feira, 14. "Mas eles vão estar ali em Roma, viajando com recursos públicos" ironizou.

Pacto federativo

Outro assunto tratado por Maia no podcast foi sobre o avanço da proposta do pacto federativo que envolve o limite de gastos e a desindexação. Maia vem cobrando do governo uma proposta que preveja a desindexação de parte do Orçamento.

"Também deve avançar a proposta do pacto federativo, que é um pouco parecida com a PEC do deputado Pedro Paulo, da Regra de Ouro, mas vai mais na linha de gerar limites de gastos. Governo tem orçamento hoje 80% dele indexado". disse Maia.

Como já mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende propor nas discussões sobre o pacto a desvinculação (retirar os carimbos do Orçamento), desindexação (retirar a necessidade de conceder automaticamente reajustes) e desobrigação de despesas - trinca de medidas que rendeu um apelido à PEC de "DDD".

O presidente da Câmara pontuou que a discussão é necessária porque é preciso controlar a despesa corrente para que o governo tenha mais espaço orçamentário para realizar investimentos.

"Orçamento que olhe mais para o futuro, eficiência, segurança jurídica para o setor privado poder voltar a gerar emprego, investimentos do poder público em áreas fundamentais", disse Maia, sem entrar em mais detalhes sobre a proposta.

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