França deve anunciar desistência do governo de SP e concorrer ao Senado
Em uma disputa ao governo de São Paulo sem França, Fernando Haddad, do PT, amplia sua vantagem em relação aos demais nomes
Da redação, com agências
Publicado em 30 de junho de 2022 às 05h30.
Dirigentes de partidos da coligação de apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram informados por aliados de Márcio França (PSB) que o ex-governador deve divulgar a decisão de desistir da corrida ao Palácio dos Bandeirantes nesta quinta-feira, 30, ou no máximo na sexta-feira, 1º de julho.
A definição de quem deve ser vice na chapa de Fernando Haddad (PT) deve ocorrer após o anúncio de França. O petista desejava Marina Silva (Rede) como parceira na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, mas a ex-ministra confirmou que vai concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. O PSOL cobra o espaço de vice.
Em troca de sair da disputa pelo governo de São Paulo, França deve aceitar a sugestão do PT e disputar uma vaga ao Senado na chapa com Haddad. O PSB ainda negocia, no entanto, mais influência na campanha paulista. Além da vaga de senador, França tem pleiteado a indicação do primeiro-suplente ao Senado.
A costura para que França desista foi feita por Lula, que mais uma vez se reuniu com o ex-governador, na sexta-feira passada, dia 24. Nos últimos meses, o petista tem insistido na aproximação com o aliado do PSB e trabalhado, nos bastidores, para abrir o caminho para a candidatura de Haddad em São Paulo.
Procurados, a assessoria do PSB e o próprio França não comentam. Aliados do ex-governador, no entanto, disseram que ele ainda não esgotou as tratativas com Gilberto Kassab (PSD) e Luciano Bivar (União Brasil). Se conseguir atrair apoio de um dos partidos, tentará se manter na corrida no estado. Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura e candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que também está em negociação com Kassab.
O PT esperava que o anúncio da desistência já tivesse ocorrido, pois França sinalizou que faria o movimento após se reunir com lideranças do PSB, na última segunda-feira, 27. Ainda assim, os partidos da coligação aguardam para esta semana o anúncio.
O governo de São Paulo é considerado por Lula o principal nó a ser desatado nas tratativas com o PSB sobre os palanques estaduais. Isso porque o petista quer fazer campanha no estado ao lado do ex-governador Alckmin, vice candidato à Presidência. Com França e Haddad concorrendo na disputa ao governo estadual, no entanto, o palanque Lula-Alckmin fica limitado.
Com a circulação, nos bastidores, da informação sobre a decisão de França, cresceu no PSOL a expectativa de compor a chapa de Haddad com a indicação de um candidato a vice-governador. O partido abriu mão de ter um candidato ao Palácio do Planalto neste ano, em apoio a Lula, e o líder do movimento social por moradia MTST, Guilherme Boulos, desistiu de sua candidatura ao estado, em apoio a Haddad.
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Agora, os psolistas esperam ter os gestos reconhecidos e integrar a chapa ao Palácio dos Bandeirantes. Neste caso, o indicado pelo PSOL seria o presidente nacional da legenda, Juliano Medeiros. O partido aguarda a decisão de França, tratado como prioridade pelo PT, antes de cobrar seu lugar na campanha.
Haddad resiste, no entanto, em ter um nome do PSOL ao seu lado na disputa. O ex-prefeito prefere uma mulher e representante de um partido de centro, para ajudar a romper resistências contra o PT no interior paulista.
Sem França, Haddad amplia vantagem
De acordo com a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada no dia 8 de junho, em uma eventual disputa ao governo de São Paulo sem França, o ex-prefeito da capital amplia sua vantagem em relação aos demais nomes. Haddad tem 31% das intenções de voto, seguido do ex-ministro Tarcísio, com 17%, e do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), com 14%.
Cila Schulman, vice-presidente do instituto de pesquisa IDEIA avalia que há uma memória do eleitor em relação a Fernando Haddad, o que o leva a aparecer em primeiro lugar nas pesquisas. Também ajuda o fato dele ter sido candidato a presidente, em 2018, disputando o segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Uma parcela dos eleitores que aprovam o governo Rodrigo Garcia, do PSDB, escolhem para votar na pesquisa estimulada em Fernando Haddad, do PT. Isso demonstra o tamanho do recall do nome do ex-prefeito da capital na visão do eleitorado paulista. O principal desafio de Haddad será diminuir a sua rejeição, que é a maior entre os candidatos colocados até aqui”, diz.
Em uma eventual disputa ao Senado pelo estado de São Paulo, José Luiz Datena (PSC) está em primeiro lugar, com 19% das intenções de voto. Atrás do apresentador vem Márcio França, com 14%. O cenário é do tipo estimulado.
Para a pesquisa, foram ouvidas 1.200 pessoas do estado de São Paulo entre os dias 3 e 8 de junho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número SP-08096/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Leia o relatório completo.
( Com Estadão Conteúdo )
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