Fiocruz vê Rio de Janeiro à beira de um colapso na saúde
Aumento "expressivo" de óbitos ocorridos em domicílio revela, segundo a Fiocruz, "um quadro de desassistência geral, que não se restringe aos hospitais"
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 08h18.
Voltou a subir o número de mortes dentro das casas, sem assistência médica, na cidade do Rio de Janeiro . Subiu também acima da média o número geral de mortes no município. Os dados divulgados na tarde de terça-feira, 1º, pelo MonitoraCovid19, da Fiocruz , indicam que o sistema de saúde da cidade pode estar à beira de um colapso. Nota da UFRJ divulgada na véspera já alertava para o problema.
O município teve um excesso de óbitos de 27 mil desde abril, comparado à média dos anos anteriores no mesmo período - sendo 13 mil causados pela covid-19 e outros 14 mil ligados a outras doenças, como câncer e diabete, confirmando a precariedade do atendimento geral.
O aumento "expressivo" de óbitos ocorridos em domicílio (de dez mil no mesmo período do ano passado para 14 mil este ano), sem assistência médica e por causas mal definidas, revela, segundo a nota técnica da Fiocruz, "um quadro de desassistência geral, que não se restringe aos hospitais, mas também à rede de atenção básica e ao sistema de vigilância em saúde". Mesmo as mortes por covid-19 que ocorreram dentro dos hospitais foram, na maioria, fora de UTIs, o que demonstra, segundo a nota, a incapacidade de atender com propriedade os casos mais graves.