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Depois de ataque de naja, Ibama aplica R$ 300 mil em multas

O caso do jovem picado por uma naja no DF desencadeou uma série de ocorrências relacionadas à criação ilegal de cobras na região

Naja: da espécie kaouthia, de origem dos continentes asiático e africano, a naja possui um dos venenos mais mortais do mundo (Ivan Mattos/Zoológico de Brasília/Divulgação)

Naja: da espécie kaouthia, de origem dos continentes asiático e africano, a naja possui um dos venenos mais mortais do mundo (Ivan Mattos/Zoológico de Brasília/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 18 de julho de 2020 às 13h41.

O caso do jovem picado por uma naja no Distrito Federal, na semana passada, desencadeou uma série de ocorrências relacionadas à criação ilegal de cobras na região e resultou no resgate de 32 serpentes e aplicação de mais de 300.000 reais em multas. Além das cobras, outros animais também foram localizados, como tubarões e lagartos.

Em balanço divulgado pelo Ibama, o dono de um haras, em Planaltina (DF), onde 16 cobras foram encontradas, será multado em 68.000 reais por dificultar a ação dos fiscais, promover maus-tratos e por manter animais nativos e exóticos sem autorização. Das serpentes resgatados neste local, dez eram exóticas, de origem norte-americana, e seis nativas da Amazônia e do Cerrado.

Como o fato mostrou ligação com o estudante picado pela naja, que chama Pedro Henrique Lehmkul, este também responderá pelas 16 cobras. Ao todo, segundo o Ibama, o jovem de 22 anos será multado em mais de 61.000 reais, também por maus-tratos e por manter serpentes nativas e exóticos em cativeiro sem autorização. A mãe e o padrasto também serão multados, em 8.500 reais cada, por terem dificultado a ação de resgate.

Ainda será multado em 81.300 reais pelo Ibama um amigo do estudante por dificultar a ação do instituto, manter animais nativos e exóticos em locais inapropriados e sem autorização, além de maus-tratos.

Acidente

Pedro Henrique foi picado pela naja na última terça-feira (7) e foi internado logo após o episódio em um hospital privado na região administrativa do Gama, a 30 quilômetros do centro de Brasília.

O quadro do rapaz evoluiu para estado grave e ele chegou a ser colocado em coma induzido, mas se recuperou e recebeu alta na segunda-feira (13). Seu tratamento exigiu que o Instituto Butantan remetesse de São Paulo para Brasília o soro antiofídico que tinha armazenado para o caso de um de seus pesquisadores que estudam a espécie naja fosse picado.

Após o incidente, agentes do Batalhão da Polícia Militar Ambiental encontraram a naja dentro de uma caixa abandonada na região central de Brasília. O animal foi então entregue ao Ibama, que o repassou para o Zoológico de Brasília.

Da espécie kaouthia, de origem dos continentes asiático e africano, a naja possui um dos venenos mais mortais do mundo. Como não é nativa do Brasil, o país não costuma produzir soro antiofídico de espécies exóticas.

Lagartos, cobras e tubarões

Em outro desdobramento da investigação, a Polícia Civil do DF e o Ibama também interceptaram outra criação ilegal de répteis, dessa vez em uma residência na região administrativa de Vicente Pires, onde estavam seis serpentes: duas jiboias arco-íris da Caatinga, duas da espécie píton (Ásia) e duas jiboias de Madagascar (África). Os animais foram encaminhados aos cuidados do Zoológico de Brasília. No mesmo local, uma jiboia nativa do cerrado e um lagarto do tipo teiu foram encontrados, mas o dono apresentou a documentação dos animais, segundo o Ibama.

A autarquia informou que o ambiente onde os bichos foram encontrados foi considerado inadequado. Por isso, o responsável foi multado por maus-tratos, no valor total de 12.000 reais. Pelas serpentes mantidas de forma ilegal, o homem foi multado em mais 27.000 reais. A casa ainda abrigava três tubarões do tipo bambu, espécie oriunda de países da Oceania, além de um peixe moreia. O Ibama aguarda a apresentação de documento sobre a origem deles. Caso contrário, o responsável também será multado em 2.600 reais por manter animal exótico sem autorização.

Com a repercussão das apreensões dos últimos dias, um homem que criava em casa duas cobras peçonhentas, uma jararacuçu, natural da Mata Atlântica, e uma víbora-verde-de-vogel (Ásia), entregou as serpentes espontaneamente ao Ibama. Os animais estão de quarentena no Zoológico.

No último sábado, o Ibama e a polícia foram até a residência do pai do amigo da vítima da naja, no Guará (DF), onde apreenderam uma jiboia arco-íris (que pertencia à vítima), peles de jiboia e de cobra surucucu, penas de arara canindé e carapaça de tatu. A investigação apontou que o homem tem participação nos fatos e as multas imputadas chegam a 33.500 reais.

Entrega voluntária

No mesmo dia, houve uma entrega voluntária de duas jiboias arco-íris, naturais do Cerrado , duas cobras rat snakes, de origem norte-americana, e um lagarto gecko, oriundo do Oriente Médio. Os animais foram recebidos no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais (Cetas-DF), do Ibama. Com exceção das jiboias, que serão devolvidas à natureza nos próximos dias, a autarquia informou que os demais ficarão sob a guarda provisória do instituto até a definição do destino.

Já na última terça-feira (14), uma mulher que criava uma cobra jiboia, em Samambaia (DF), decidiu entregá-la voluntariamente ao Ibama, que foi até a residência para buscar o animal. Ela não foi penalizada, já que entregou a serpente de forma espontânea, disse o órgão.

No mesmo dia, o Ibama apoiou uma ação do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram), em uma casa na região de Sobradinho (DF). Foram apreendidos uma jiboia, um jabuti e um tigre d'água. Todos os animais foram levados ao Cetas. O responsável foi multado pelo órgão local.

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