Consultorias eram tráfico de influência, suspeita PF
Segundo a polícia, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, abriu as portas da estatal para empresas às quais ele próprio prestava assessoria
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2014 às 09h06.
São Paulo e Rio - A Polícia Federal rastreia consultorias milionárias que o engenheiro e ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa - alvo da Operação Lava Jato - fechou com empresas contratadas pela estatal.
A PF suspeita que Costa exerceu tráfico de influência na Petrobras e abriu as portas para empresas às quais ele próprio prestava assessoria.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que o ex-diretor, associado ao doleiro Alberto Youssef, o Primo, suposto operador de um esquema de lavagem de dinheiro, destinava parte das comissões que recebia a título de consultoria para custear campanhas eleitorais.
Documentos recolhidos na primeira etapa da missão e a interceptação de e-mails de Youssef reforçam a suspeita de que a organização por eles integrada repassava valores para deputados e partidos políticos, entre os quais o PP e o PMDB.
A Lava Jato foi desencadeada dia 17 de março para estancar lavagem de R$ 10 bilhões, segundo estimativa da PF. Youssef e Costa estão presos em caráter preventivo.
O elo do executivo com as empresas foi revelado pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Estão sob análise dos investigadores pelo menos 19 contratos firmados entre 4 de setembro de 2012 e 17 de janeiro de 2013 pela Costa Global Consultoria, que pertence a Costa.
Planilhas encontradas na casa de Costa mostram que 6 contratos foram firmados pela Petrobras com a Astromarítima Navegação S/A em outubro de 2013 no valor atualizado de R$ 490 milhões. Os investigadores suspeitam que ele teria recebido comissão de 50% sobre o valor de cada contrato de afretamento de embarcações.
Costa lançou em planilha intitulada "posição dos negócios Costa Global" o nome Astromarítima e as condições por sua participação - "contratos remunerados mensalmente mais a success fee (taxa de sucesso)".
Sobre o contrato com a Astromarítima, o ex-diretor da Petrobrás anotou "validade de 2 anos, e ganho de 5% do valor bruto e mais 50%". Os peritos da PF avaliam que a empresa pagaria comissão até o limite de R$ 110 milhões e mais 50% sobre o montante que superasse esse valor.
Frigorífico
A Astromarítima esclareceu que Costa tentou levar o controlador do frigorífico JBS (J&F) para investir na empresa. J&F e Astromarítima disseram que foram procurados por ele. As empresas fizeram uma reunião, mas não houve interesse do controlador do frigorífico em fazer o investimento.
O ex-diretor da estatal chegou a assinar um pré-contrato de "intermediação de negócios" com a Astromarítima. O executivo cobraria, se o acordo fosse adiante, 5% de comissão - a "success fee".
Caso o J&F pagasse mais que os R$ 110 milhões que a empresa calculou valer, Costa receberia 50% de comissão sobre o excedente. O pré-acordo foi assinado em 13 de novembro de 2012, sete meses depois de Costa ser demitido da Petrobrás. Alcir Bourbon, sócio da Astromarítima, mostra o documento que previa a compra das ações da Astromarítima, e não contratos com a petroleira.
"Era uma proposta de investimento, não tinha nada a ver com a Petrobrás e sequer foi adiante. Há 30 anos prestamos serviço para a Petrobras e todos os nossos contratos foram fruto de licitação. São negócios que não estão sujeitos à influência de ninguém."
O advogado Fernando Fernandes, que defende Costa, negou que a comissão atingisse o montante sugerido pela PF, mas apenas 7,5%. A Petrobrás informou que mantém contratos com a Astromarítima desde os anos 1980. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo e Rio - A Polícia Federal rastreia consultorias milionárias que o engenheiro e ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa - alvo da Operação Lava Jato - fechou com empresas contratadas pela estatal.
A PF suspeita que Costa exerceu tráfico de influência na Petrobras e abriu as portas para empresas às quais ele próprio prestava assessoria.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que o ex-diretor, associado ao doleiro Alberto Youssef, o Primo, suposto operador de um esquema de lavagem de dinheiro, destinava parte das comissões que recebia a título de consultoria para custear campanhas eleitorais.
Documentos recolhidos na primeira etapa da missão e a interceptação de e-mails de Youssef reforçam a suspeita de que a organização por eles integrada repassava valores para deputados e partidos políticos, entre os quais o PP e o PMDB.
A Lava Jato foi desencadeada dia 17 de março para estancar lavagem de R$ 10 bilhões, segundo estimativa da PF. Youssef e Costa estão presos em caráter preventivo.
O elo do executivo com as empresas foi revelado pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Estão sob análise dos investigadores pelo menos 19 contratos firmados entre 4 de setembro de 2012 e 17 de janeiro de 2013 pela Costa Global Consultoria, que pertence a Costa.
Planilhas encontradas na casa de Costa mostram que 6 contratos foram firmados pela Petrobras com a Astromarítima Navegação S/A em outubro de 2013 no valor atualizado de R$ 490 milhões. Os investigadores suspeitam que ele teria recebido comissão de 50% sobre o valor de cada contrato de afretamento de embarcações.
Costa lançou em planilha intitulada "posição dos negócios Costa Global" o nome Astromarítima e as condições por sua participação - "contratos remunerados mensalmente mais a success fee (taxa de sucesso)".
Sobre o contrato com a Astromarítima, o ex-diretor da Petrobrás anotou "validade de 2 anos, e ganho de 5% do valor bruto e mais 50%". Os peritos da PF avaliam que a empresa pagaria comissão até o limite de R$ 110 milhões e mais 50% sobre o montante que superasse esse valor.
Frigorífico
A Astromarítima esclareceu que Costa tentou levar o controlador do frigorífico JBS (J&F) para investir na empresa. J&F e Astromarítima disseram que foram procurados por ele. As empresas fizeram uma reunião, mas não houve interesse do controlador do frigorífico em fazer o investimento.
O ex-diretor da estatal chegou a assinar um pré-contrato de "intermediação de negócios" com a Astromarítima. O executivo cobraria, se o acordo fosse adiante, 5% de comissão - a "success fee".
Caso o J&F pagasse mais que os R$ 110 milhões que a empresa calculou valer, Costa receberia 50% de comissão sobre o excedente. O pré-acordo foi assinado em 13 de novembro de 2012, sete meses depois de Costa ser demitido da Petrobrás. Alcir Bourbon, sócio da Astromarítima, mostra o documento que previa a compra das ações da Astromarítima, e não contratos com a petroleira.
"Era uma proposta de investimento, não tinha nada a ver com a Petrobrás e sequer foi adiante. Há 30 anos prestamos serviço para a Petrobras e todos os nossos contratos foram fruto de licitação. São negócios que não estão sujeitos à influência de ninguém."
O advogado Fernando Fernandes, que defende Costa, negou que a comissão atingisse o montante sugerido pela PF, mas apenas 7,5%. A Petrobrás informou que mantém contratos com a Astromarítima desde os anos 1980. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.