Acompanhe:

Com Lula em liberdade, PT realiza seu primeiro Congresso da era Bolsonaro

A reunião do partido vai durar até domingo, quando será realizada a votação para o novo líder, cargo atualmente ocupado pela deputada Gleisi Hoffmann

Modo escuro

Continua após a publicidade
Lula: solto, ele ataca os adversários (Adriano Machado/Reuters)

Lula: solto, ele ataca os adversários (Adriano Machado/Reuters)

A
AFP

Publicado em 22 de novembro de 2019 às, 17h18.

Última atualização em 22 de novembro de 2019 às, 18h15.

O Partido dos Trabalhadores (PT) inicia seu 7º Congresso em São Paulo nesta sexta-feira (22), com a presença de seu líder histórico, o ex-presidente Lula, recentemente libertado, para discutir sua resposta à onda conservadora que levou Jair Bolsonaro ao poder.

A reunião do partido cofundado por Lula em 1980 vai durar até domingo, quando será realizada a votação para designar sua nova liderança, atualmente ocupada pela deputada federal Gleisi Hoffmann, que tenta a reeleição.

Depois de vencer quatro eleições presidenciais consecutivas (2002, 2006, 2010, 2014), o PT entrou em uma fase de desgaste com o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 e a operação 'Lava Jato', cujas investigações condenaram Lula a 8 anos e 10 meses de prisão.

Após 19 meses preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula, de 74 anos, foi libertado em 8 de novembro, graças a uma alteração pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das regras de cumprimento de penas, o que lhe permitirá esgotar todos os recursos judiciais em liberdade.

Assim que saiu da prisão, o ex-presidente (2003-2010) atacou Bolsonaro e suas políticas pró-mercado e chamou o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de "canalha", acusando-o novamente de tê-lo condenado sem provas para tirá-lo da eleição presidencial do ano passado.

Ele também pediu a seus seguidores para recuperar o poder em 2022, dando a entender que está pronto para a briga, embora em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal britânico The Guardian tenha insinuado que pode passar o bastão. "A Igreja católica, com 2 mil anos de experiência, aposenta os bispos aos 75", afirmou.

Mas, antes, o PT, que conseguiu eleger apenas 256 prefeitos em 2016 (menos da metade dos 630 eleitos em 2012), deve definir sua estratégia para o pleito municipal de 2020.

Entre as cidades perdidas está São Paulo e os municípios de seu cinturão industrial, onde Lula iniciou as greves do fim dos anos 70, durante a ditadura militar (1964-85).

Segundo o cientista político Claudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas, nos últimos anos, no Brasil, "consolidou-se um antipetismo que será um obstáculo para [o PT] conseguir uma posição de destaque em cidades como São Paulo" nas eleições municipais de 2020.

O PT conservou, apesar de tudo, o papel de maior partido na fragmentada Câmara dos Deputados, com 54 assentos, de um total de 513. Em 2014, tinha conseguido eleger 69. Em 2010, a bancada tinha 88 legisladores.

O PT ainda tem seis senadores, de um total de 81, e governa quatro dos 27 estados brasileiros, todos no Nordeste, seu bastião histórico.

Sem autocrítica

Algumas das nove teses que serão submetidas à votação dos delegados do PT reforçam a necessidade de mudanças e uma reorientação de posições e de uma nova direção.

Couto, no entanto, vê pouco espaço para um discurso que busque ser ouvido além do eleitorado tradicional petista, fortemente ligado à figura de Lula. "Há pessoas no partido que têm uma boa leitura do país, mas quem o controla, não", disse Couto. "Desde as eleições de 2018, o personalismo [no PT] se fortaleceu", acrescentou.

O próprio Lula rejeitou qualquer perspectiva de autocrítica. "Quem quiser que o PT faça autocrítica, faça a crítica você", disse na semana passada em Salvador, referindo-se a reclamos de outros partidos da esquerda.

No plano internacional, Lula denunciou, na entrevista ao The Guardian, o "golpe de Estado" contra o presidente boliviano Evo Morales, embora tenha admitido que ele "cometeu um erro quando buscou um quarto mandato".

Últimas Notícias

Ver mais
Macron homenageia Janja com maior honraria do governo francês
Brasil

Macron homenageia Janja com maior honraria do governo francês

Há 13 horas

'É grave que ela não possa ter sido registrada', diz Lula sobre candidata opositora na Venezuela
Mundo

'É grave que ela não possa ter sido registrada', diz Lula sobre candidata opositora na Venezuela

Há 16 horas

Macron e Lula assinam 21 termos sobre energia, IA e helicópteros, veja lista
Mundo

Macron e Lula assinam 21 termos sobre energia, IA e helicópteros, veja lista

Há 17 horas

'Paralisia da ONU frente a guerras em Ucrânia e Gaza é alarmante', diz Lula após reunião com Macron
Mundo

'Paralisia da ONU frente a guerras em Ucrânia e Gaza é alarmante', diz Lula após reunião com Macron

Há 17 horas

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais