Brasil

Câmara aprova texto-base de lei que permite iniciativa privada comprar vacina

A proposta permite que estados e municípios possam assumir a responsabilidade civil por eventos adversos decorrentes da imunização

 (Justin Tallis/Pool/Getty Images)

(Justin Tallis/Pool/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 2 de março de 2021 às 19h06.

Última atualização em 2 de março de 2021 às 19h25.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 2, o texto-base do projeto, elaborado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que facilita a aquisição de vacinas contra a covid-19 por parte do setor privado. Para concluir a votação, os parlamentares ainda precisam aprovar os chamados destaques, que podem alterar a proposta.

Segundo a proposta, estados e municípios podem assumir a responsabilidade civil por possíveis eventos adversos decorrentes da imunização contra a covid-19 durante a emergência em saúde pública. Os outros entes federativos também podem adquirir a vacina, de forma suplementar ao Ministério da Saúde. 

O texto ainda abre o caminho para a iniciativa privada comprar o imunizante. Pela regra, a aquisição pode ocorrer enquanto estiver acontecendo a imunização dos grupos prioritários - o que deve levar até o fim do ano. Nesta etapa, a totalidade deve ser dada ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Após a finalização da campanha dos grupos mais vulneráveis, o setor privado precisa doar 50% do que comprar ao governo. A outra metade deve ser aplicada gratuitamente.

O trecho, que permite a compra por parte do setor privado, era justamente tema de um outro projeto apresentado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS). A mudança na lei facilita a aquisição da vacina da Pfizer/BioNTech, a primeira registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o Ministério da Saúde, a atual legislação impede que o poder público assuma os riscos inerentes à vacinação, o que impossibilita a compra.

52% não pagariam por uma vacina

A maior parte dos brasileiros, 52%, não está disposta a comprar uma vacina contra a covid-19. Somente 31% pagariam por um imunizante. Outros 17% não sabem.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une EXAME Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 22 e 24 de fevereiro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

“Um terço dos brasileiros pagaria por uma vacina se fosse oferecida no setor privado. É um percentual significativo, com tendência de crescer caso o governo não consiga aumentar a velocidade de vacinação”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto especializado em opinião pública.

A pesquisa também perguntou sobre quanto tempo as pessoas estão dispostas a esperar por uma vacina no SUS, para então buscar na rede privada. Até dois meses de espera é o período máximo para 23% dos entrevistados. Para 26%, a espera pode levar entre dois e seis meses. Já 20% concordam em aguardar mais de seis meses para buscar um imunizante privado.

Ainda não há uma definição do valor que a vacina contra a covid-19 custará no mercado privado. Há uma estimativa de fontes ouvidas por EXAME de que ela fique em torno de 300 a 400 reais, por dose. Entre os entrevistados na pesquisa EXAME/IDEIA, 49% estão dispostos a pagar até 100 reais, 27% pagariam até 250 reais, 9% estão dispostos a comprar um imunizante que custe até 500 reais, e apenas 3% comprariam por até 1.000 reais.

Acompanhe tudo sobre:AnvisaCâmara dos DeputadosCoronavírusPfizerSenado

Mais de Brasil

Tarcísio reúne 35 prefeitos da região metropolitana para reforçar campanha de Nunes no 2º turno

Não se mexe em instituições que estão funcionando, diz Barroso após pauta anti-STF avançar na Câmara

Fuad Noman tem 48% e Bruno Engler, 41%, no segundo turno em BH, diz Datafolha

Nunes tem 55% e Boulos, 33%, no segundo turno em SP, diz Datafolha