Jair Bolsonaro: presidente concede entrevista ao Jornal Nacional. (TV Globo/Reprodução)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 22 de agosto de 2022 às 20h35.
Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 22h18.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu, nesta segunda-feira, 22, uma entrevista ao Jornal Nacional. Por 40 minutos, o candidato à reeleição falou das suas propostas e respondeu a perguntas dos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos. A sabatina faz parte de uma série de entrevistas do principal telejornal da TV Globo com os quatro presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas eleitorais de intenção de voto.
Como adiantado por EXAME, Bolsonaro foi até os Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Comunicações, Fábio Faria. Ao longo da manhã, o presidente repassou com seus ministros os principais pontos que seriam abordados na entrevista. Foi uma alternativa à recusa de Bolsonaro em fazer um media training, uma simulação de como seria a sabatina no Jornal Nacional.
No rol de assuntos que Bolsonaro quis mostrar ao eleitor que assistiu ao Jornal Nacional estavam a defesa do seu legado e ataques ao PT, principalmente sobre os escândalos de corrupção. Na parte do seu legado, ele falou da queda de impostos em alguns setores, além de liberação do auxílio emergencial durante a pandemia de covid-19, e do aumento do Auxílio Brasil.
Bolsonaro garantiu que vai respeitar o resultado das urnas, mesmo que não saia vencedor. "Serão respeitadas as urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes", afirmou.
Quando questionado por Bonner sobre suas declarações contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e as manifestações em que Bolsonaro participa, contrárias ao Supremo Tribunal Federal (STF), o candidato à reeleição disse entender se tratar de liberdade de expressão.
"As manifestações acontecem sem qualquer ruído, sem uma lata de lixo virada na rua, e eu entendo ser dentro da liberdade de expressão. Para mim, isso faz parte da democracia. Não posso eu fechar o Congresso ou o STF. Não existe mais AI-5, e isso não leva a lugar nenhum", disse.
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O presidente também foi questionado sobre sua condução da pandemia de covid-19, que inclusive levou a uma série de investigações, com uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. Bolsonaro afirmou que o Brasil teve uma das mais rápidas vacinações do mundo.
"Só não se vacinou quem não quis. Foi bem mais rápido do que outros países. Não poderíamos assinar contrato com a Pfizer porque eles não se responsabilizavam pelos efeitos colaterais", disse.
Bolsonaro ainda defendeu que médicos possam receitar remédios sem comprovação científica para o tratamento da covid-19. "Em um momento de fraqueza, a imprensa desautorizou os médicos a receitar remédios. O lockdown serviu para atrasar a economia", afirmou.
Ao ser questionado sobre promessas da campanha de 2018 para área econômica (dólar baixo e queda da inflação) e que não foram cumpridas , Bolsonaro justificou dizendo que o mundo sofreu com a pandemia de covid-19 e a guerra entre Ucrânia e Rússia.
"As promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca que tivemos no ano passado, e também pelo conflito da Ucrânia com a Rússia. Mas tivemos coisas boas, como a lei de liberdade econômica. Tivemos saldo de quase 3 milhões de novos empregos. Isso é sinal de competência da equipe econômica. O auxílio emergencial fez com que os municípios não colapsassem. Fui à Rússia negociar fertilizantes com o presidente Vladimir Putin".
Quando perguntado por Bonner se ele não estava descumprindo uma promessa de campanha de não se aliar aos partidos do Centrão, Bolsonaro disse que o jornalista estava estimulando-o a ser um ditador. "São 513 deputados. 300 são de partidos chamados de Centrão. Os partidos de centro fazem parte da base do governo para que a gente possa avançar as reformas", defendeu.
Além de Bolsonaro, a semana tem entrevista com os presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas.
As entrevistas ocorrem ao longo de toda a semana, na seguinte ordem:
22/8 (segunda-feira): Jair Bolsonaro (PL)
23/8 (terça-feira): Ciro Gomes (PDT)
25/8 (quinta-feira): Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
26/8 (sexta-feira): Simone Tebet (MDB)
A data da entrevista, assim como dos outros candidatos, foi definida por sorteio. Segundo o JN, o sorteio foi feito em 1º de agosto com representantes dos partidos.
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Na pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA publicada no dia 21 de julho, o ex-presidente Lula tem 44% das intenções de voto, e o presidente Bolsonaro aparece com 33%. Ciro Gomes tem 8%, e Simone Tebet, 4%. André Janones - que desistiu de concorrer - fez 2%. Os demais nomes testados pontuaram 1% ou ficaram abaixo disso.
Em uma simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista tem 47%, e Bolsonaro 37%. Na série histórica, essa distância entre os dois ficou maior, se comparado com a pesquisa feita há um mês. O atual presidente também oscilou negativamente, acima da margem de erro.
Foram ouvidas 1.500 pessoas entre os dias 15 e 20 de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-09608/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.
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