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Ato de Bolsonaro na Paulista deve contar com deputados, senadores e governadores aliados

Bolsonaro disse ainda que a ocasião servirá para se contrapor às apurações da PF sobre sua participação em uma suposta organização de uma tentativa de golpe de Estado

Bolsonaro: ex-presidente deseja mostrar força em ato com aliados (Mateus Bonomi/Anadolu/Getty Images)

Bolsonaro: ex-presidente deseja mostrar força em ato com aliados (Mateus Bonomi/Anadolu/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 24 de fevereiro de 2024 às 12h51.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2024 às 17h56.

O ato político convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para este domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, terá carro de som e contará a presença de mais 100 deputados, de 10 a 15 senadores e de três governadores, segundo a equipe de Bolsonaro.

Na sexta-feira, 23, o ex-presidente divulgou um vídeo nas redes sociais em que convoca seus apoiadores a participar da manifestação em sua defesa e reforça que será um ato pacífico.

“Amigos de todo Brasil, em especial de toda São Paulo. Daqui a 2 dias, no domingo, o nosso encontro na Paulista. Um ato pacífico pelo nosso Estado Democrático de Direito. Pela nossa liberdade, pela nossa família e pelo nosso futuro”, declarou.

Bolsonaro disse ainda que a ocasião servirá para se contrapor às apurações da Polícia Federal (PF) sobre sua participação em uma suposta organização de uma tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente afirmou que vai se defender "de todas as acusações que têm sido imputadas". A ideia do evento, segundo aliados, é mostrar que o ex-presidente ainda tem capacidade de mobilização após a derrota nas eleições e os avanços de investigações contra ele na Justiça. 

Como será o ato de Bolsonaro na Paulista

O ato é organizado pelo líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia, que afirmou que a manifestação acontece para denunciar a "perseguição implacável" contra Bolsonaro, pelo Estado Democrático de Direito e pela liberdade de todo o povo brasileiro.

O evento terá dois trios elétricos, que devem ficar parados próximos ao Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e servirá para os convidados realizem discursos. Segundo Malafaia, o veículo onde Bolsonaro deve ficar comporta até 70 pessoas e deve ter um grupo seleto de aliados do ex-presidente.

Em entrevista ao blog do Esmael, Bolsonaro disse que o ato vai começar com uma oração e breve discurso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, seguido do discurso do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, Malafaia e o próprio Bolsonaro. Apesar da lista, políticos como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), senado Magno Malta (PL-ES), senador Rogério Marinho (PL-RN) e o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil) também pode ter direito ao microfone.

A expectativa é que os discursos sejam moderados para não complicar a situação do ex-presidente com a Justiça. Malafaia garantiu que o evento não é para atacar o STF, mas que fará "constatações" a respeito das decisões de ministros do Supremo, sem realizar agressões. A orientação da organização do evento é que os manifestantes não levem faixas e cartazes contra instituições e figura públicas.

Segundo Fábio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência (Secom) e advogado do ex-presidente, são esperadas pela organização mais de 700 mil pessoas. Nas redes sociais, os apoiadores afirmam que caravanas de outras regiões, como Divinópolis (MG), Indaiatuba (SP), Pouso Alegre (MG), São José dos Campos (SP) e São Gonçalo (RJ), estão sendo organizadas. 

Em nota, a Secretária de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que a manifestação será acompanhada pela Polícia Militar do estado, mas não detalhou qual será o planejamento de segurança.

“A Secretaria de Segurança Pública está finalizando o plano de ações para este final de semana e os detalhes serão fornecidos quando concluído”, disse o órgão.

Quem vai no ato de Bolsonaro na Paulista

Entre os governadores confirmados estão Romeu Zema (Novo), Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil) de Goiás; e Jorginho Mello (PL) de Santa Catarina. Deputados e senadores do PL alinhados ao ex-presidente devem comparecer em peso.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também deve comparecer. Nunes é pré-candidato à reeleição e tem o apoio formal de Bolsonaro e do PL. A expectativa que mais de 100 deputados comparecem e de 10 a 15 senadores. Carla Zambelli, uma aliada de primeira hora que se afastou de Bolsonaro após as eleições de 2022, vai comparecer ao ato.

Aliados como o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro, não vão participar da manifestação. Segundo decisões de Alexandre de Moraes, os investigados na operação que apura suposta tentativa de golpe de Estado não podem se comunicar.

Operação da PF contra Bolsonaro

O ato acontece em meio ao avanço da Polícia Federal (PF) nas investigações da operação Tempus Veritatis   "hora da verdade", em latim –, que apura uma suposta organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. No início de fevereiro, os polícias federais cumpriram 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares contra Bolsonaro e seus aliados. As ordens foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Como mostrou a EXAME, Bolsonaro entregou o seu passaporte e não poderá manter contato com os outros investigados.

Na quinta-feira, 22, o ex-presidente esteve na PF para prestar depoimento e ficou em silêncio. Os advogados de Bolsonaro sustentaram que não tiveram acesso integral aos autos da operação e nem a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. 

De acordo com as investigações, o ex-presidente teria recebido e pedido alterações em uma minuta que pedia a prisão de diversas autoridades, entre elas os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco, além de definir a realização de novas eleições. Bolsonaro também realizou uma reunião com seus ministros de governo com teor golpista. 

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