Apesar de expansão, acesso à internet no Brasil ainda é baixo
Entre 2005 e 2015, percentual de domicílios com conexão saiu de 13,6% para 57,8%. Entretanto, proporção ainda é baixa em relação a outros países
Bárbara Ferreira Santos
Publicado em 22 de dezembro de 2016 às 10h00.
Última atualização em 29 de janeiro de 2018 às 18h00.
São Paulo – Na última década ocorreu uma explosão no acesso à internet nos domicílios brasileiros. Entre 2005 e 2015, o número de casas conectadas saltou de 7,2 milhões para 39,3 milhões, um aumento de cerca de 446% no período, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (22) pelo IBGE .
Apesar de o cenário ter melhorado, o acesso ainda é baixo no Brasil . Em 2005, 13,6% dos domicílios do país tinham conexão, mas foi apenas em 2014 que mais da metade das casas do país passaram a ter acesso à web, quando o índice chegou a 54,9%.
O dado mais recente, que se refere ao ano passado, mostra que 57,8% dos domicílios possuem acesso à internet. Apesar de ser um grande salto na comparação a longo prazo, o número é pequeno em comparação a outros países do mundo.
Segundo a pesquisa internacional ICT Facts and Figures 2016, realizada pela ITU, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para tecnologias da informação, a penetração da internet nos domicílios de países desenvolvidos é de cerca de 83,8%. O índice chega a 64,4% nas Américas e a 84% na Europa.
Aumento no acesso por celular
O aumento do acesso à internet no Brasil se deve, em grande parte, à ampliação da conexão por meio de celulares e outros dispositivos móveis .
Desde 2013, quando o IBGE começou a investigar anualmente a utilização da internet por cada tipo de aparelho, foram registrados crescimentos da conexão por celulares, tablets e outros equipamentos em relação aos tradicionais computadores.
De 2013 para 2014, a conexão exclusivamente por equipamentos portáteis aumentou 6,2 pontos percentuais, saindo de 5,6% para 12,8%. Mas, no mesmo período, houve diminuição de 0,3 ponto percentual no uso da internet por microcomputador (de 42,4% dos domicílios para 42,1%, respectivamente).
Entre 2014 e 2015, a mudança foi maior: mais casas tiveram acesso à internet somente por celulares, tablets e outros equipamentos (17,3%, no total) enquanto a proporção de uso de computadores caiu ainda mais (chegando a 40,5%).
Quando considerados os domicílios onde há apenas um único aparelho para acesso à internet, os celulares e tablets ganham com folga do computador em todos os estados do país.
Esse cenário é ainda mais evidente no Norte e Nordeste, onde há mais locais com dificuldade de acesso à banda larga fixa. Em 2015, os estados do Pará, Piauí, Amazonas, Roraima, Acre, Amapá, Sergipe e Maranhão tiveram mais da metade dos domicílios com conexão apenas por esses dispositivos móveis. O Pará lidera a lista com índice de 66,1%.
Renda e escolaridade impactam conectividade
Estimativa do IBGE revela que 102,1 milhões de brasileiros tiveram acesso à internet nos três meses que antecederam o questionário feito pelo órgão em 2015, um total de 57,5% da população do país.
Essa proporção foi um pouco maior entre as mulheres (58%) que entre os homens (56,8%). Os mais jovens são também os que estão mais conectados: nos grupos entre 15 e 24 anos é que há mais pessoas que acessam a internet.
Segundo o IBGE, os dados de 2015 revelam que a conectividade é influenciada diretamente pela escolaridade da população. Ou seja, quanto mais anos de estudo um brasileiro tem, mais acesso à internet ele possui. Cerca de 7,4% das pessoas com menos de um ano de instrução usaram a internet no ano passado. Já entre quem possui 15 anos ou mais de estudos, o percentual chegou a 92,3%.
Outro dado que mostra a desigualdade no acesso à internet no Brasil é a disparidade com relação à renda. Apenas 32,7% das pessoas com renda menor que ¼ do salário mínimo acessaram a internet, enquanto o índice chega a 92,1% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos.