Aécio: segundo o presidente do PSDB, o apoio dos tucanos a uma provável gestão Temer será baseada em programa e não estará vinculada à indicação de nomes para cargos (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2016 às 15h30.
Brasília - O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), manifestou preocupação nesta terça-feira com a maneira como vem sendo constituído o ministério de um provável governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer, e afirmou que a posição dos tucanos é de não indicar nomes, embora o partido não se oponha em participar caso receba convites.
“Realmente nos preocupamos com notícias que hoje já são públicas da forma pela qual o governo está sendo constituído. Nós temos o receio de que esse governo se pareça muito com aquele que está terminando seus dias”, disse Aécio a jornalistas após reunião da Executiva Nacional do PSDB.
Segundo Aécio, o apoio dos tucanos a uma provável gestão Temer será baseada em programa e não estará vinculada à indicação de nomes para cargos, mas o partido não vai se opor à eventual escolha de um de seus quadros para formar a equipe do provável novo governo.
Temer deve assumir à Presidência ainda este mês se for confirmado o afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado em 11 de maio, por até 180 dias, como parte da tramitação do processo de impeachment no Congresso.
“Se ele (Temer), do ponto de vista pessoal, quiser buscar no partido nomes, terá a liberdade para fazer isso, o partido não vai criar dificuldades, mas o apoio que é convergente dentro do PSDB é a um programa”, afirmou Aécio depois do encontro, que contou também com a participação de governadores do PSDB.
O PSDB entregará ainda nesta terça-feira a Temer uma carta com 15 propostas do partido ao eventual governo Temer, que vão nortear o apoio dos tucanos.
O documento, aprovado pela Executiva Nacional, trata de temas sociais, econômicos e políticos, incluindo uma reforma política imediata que prepare o país para voltar a discutir a implantação do parlamentarismo, que foi rejeitado em 1993 em um plebiscito que optou pelo presidencialismo como sistema de governo no país.
“Nós temos de ter um sistema parlamentarista, onde a troca de governo é uma solução e não um trauma como no Brasil. Basta lembrar que depois da Constituinte foram eleitos quatro presidentes. Um já foi impedido, que foi o ex-presidente Fernando Collor, e outro está em vias de ser impedido, que é a presidente Dilma Rousseff”, disse o senador José Serra (PSDB-SP), um dos tucanos mais cotados para assumir um ministério em um governo Temer.
Os tucanos pedem ainda que um governo Temer assegure que todas as investigações em curso, em especial a Lava Jato, tenham continuidade, “sem serem submetidas a constrangimentos de quaisquer naturezas”.
O PSDB também defende a manutenção e ampliação de programas sociais, com o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, e pede responsabilidade fiscal do novo governo.
“O Executivo deverá apresentar, em no máximo 30 dias, um conjunto de medidas para a recuperação do equilíbrio das contas públicas que sinalize o controle do crescimento da dívida pública até 2018”, diz a carta.
Outro pedido dos tucanos é pela simplificação do sistema tributário. Eles querem que a nova administração apresente uma proposta de “simplificação radical” da carga tributária.