Tecnologia

Todes quer ser a operadora de telefonia da comunidade LGBTQIA+ no Brasil

Empresa quer prestar atendimento impecável a todas as pessoas, realiza doações mensais e permite que clientes convertam cashback em doações

Todes: operadora quer a primeira voltada ao público LGBTQIA+ no Brasil (Todes/Divulgação)

Todes: operadora quer a primeira voltada ao público LGBTQIA+ no Brasil (Todes/Divulgação)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 10 de junho de 2021 às 08h00.

As operadoras de telefonia voltam a ser assunto recorrente. Não as tradicionais e conhecidas dos consumidores como Tim, Claro, Vivo e Oi, mas as novas operadoras que têm surgido. A atriz Larissa Manoela anunciou a Lari Cel, que foi sucesso nas redes sociais, e as Lojas Pernambucanas também lançaram um chip próprio.

Elas não estão sozinhas. Outra operadora que surge em 2021, voltada para melhorar o atendimento ao público, em especial às pessoas LGBTQIA+, é a Todes, a primeira operadora a prover serviço de telefonia móvel a esse nicho do mercado.

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De acordo com Eliezer Filho, responsável pelo desenvolvimento dos projetos de comunicação da marca, e João Davi, sócio e co-fundador, o atendimento é uma parte essencial e importante da proposta, já que o setor é notório pelas reclamações e dificuldades de atendimento. Segundo um relatório elaborado pela Secretaria Nacional do Consumidor, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, o segmento de operadoras de telecomunicações figurou no topo das reclamações no ano passado, ao lado de bancos, financeiras e administradoras de cartão.

“A operadora de telefonia não precisaria ser segmentada, é uma ligação, conectividade. Mas é um dos serviços que mais têm reclamações e insatisfação dos usuários. A maioria da população não se identifica como LGBTQIA+, mas análises estimam em 10% da população brasileira. Existem muitas dificuldades e desafios além do que é reportado hoje em dia, como micro-agressões, documentação que não passa de forma correta, mulheres trans tratadas por pronomes masculinos, o tratamento de pessoas não-binárias. As operadoras são frias, não olham para isso”, afirmou Filho em conversa com a Exame.

Para ele, garantir que essas pessoas, que geralmente têm maior dificuldade em encontrar atendimento adequado, sejam bem atendidas significa trazer uma qualidade de serviço que seria benéfica e bem aproveitada por todos os consumidores. “Quando falamos sobre nosso atendimento, pessoas LGBTQIA+ e aliados se conectam com a causa, mas quando eu consigo garantir que o atendimento é inclusivo para alguém que hoje não é atendida bem em nenhum serviço, significa que eu atendi bem todo o espectro”, diz.

De acordo com Davi, a Todes, sediada em Porto Alegre, já conta com homologação na Anatel e está preparada para uma operação nacional. Operadoras de telefonia como a Todes operam no chamado MVNO, sigla em inglês para operadora móvel virtual. Nesse modelo de negócio, elas não possuem rede própria e nem frequências, mas utilizam as redes de companhias parceiras, que, no caso da Todes é a Tim. A operadora não informou valores ou investimentos para o começo da operação.

Atendendo um conjunto grande de clientes, essas empresas conseguem comprar o serviço de telefonia, como SMS, pacotes de dados e minutos de ligação, no atacado e reduzir preços, criando ofertas e um modelo de atendimento e dedicação que é interessante para os consumidores. 

Geralmente o foco é em um segmento do mercado que é mal servido, com uma proposta de valor único. Outras marcas e empresas que entraram no mercado de telefonia como MVNO foram o Corinthians e os Correios.

“Atualmente são 4 planos principais, com os consumidores em um modelo pré-pago. Não existe fidelidade de longo prazo, multas e damos liberdade de trocar de planos todos os meses”, afirma João Davi. 

Os planos custam a partir de 44,99 reais e podem ser consultados no site da Todes. Além desses benefícios, a Todes oferece ainda acúmulo de pacotes de dados para os meses seguintes, WhatsApp gratuito e internet sem cortes depois do fim dos pacotes.

Pink money?

Em junho, mês do orgulho LGBTQIA+, é comum que empresas venham à tona e façam promoções, peças e marketing à comunidade a fim de gerar engajamento para suas marcas e aumentar vendas. Eliezer Filho reitera que esse não é o caso da Todes, que, segundo ele, carrega a bandeira do arco-íris em todos os meses do ano.

“É uma empresa construída por LGBTQIAs e aliados para garantir a questão da qualidade e respeito. A Todes levanta a bandeira e impulsiona as pautas de coração. Temos parcerias com ONGs, trabalhamos para discutir essas pautas”, disse. “Fazemos treinamentos com o time de atendimento, sobre linguagem inclusiva, linguagem neutra, construímos em cima disso o nosso posicionamento, mostrar que as nossas ações carregam isso”, explica.

A Todes conta com um programa de doação a ONGs parceiras e permite que os usuários façam doações com os pontos que acumulam no programa de vantagens da operadora.

“Queremos amplificar e trazer visibilidade. Somos uma empresa de comunicação, que faz comunicação. Trabalhamos em 3 camadas: indivíduo, comunidade e sociedade, para que a gente possa ter um país mais inclusivo”, disse Filho.

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