Tecnologia

Semana de 4 dias pode se tornar real com ChatGPT, diz Prêmio Nobel

Para Christopher Pissarides, em um cenário no qual a inteligência artificial se ocupa cada vez mais de tarefas antes delegadas aos humanos, o aumento de produtividade pode reduzir a jornada de trabalho

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 5 de abril de 2023 às 17h14.

Última atualização em 6 de abril de 2023 às 15h47.

Se o lockdown durante a pandemia trouxe o home office para o cotidiano de muitos setores e profissoes, o ChatGPT pode ser a porta para outro modelo visto como um avanço: a semana de quatro dias de trabalho.

Esse argumento é defendido pelo economista vencedor do Prêmio Nobel Christopher Pissarides, professor da London School of Economics especializado no impacto da automação no emprego.

Para Pissarides, o mercado de trabalho não enfrentará um caos de substituição de humanos por máquinas. Pelo contrário, há a possibilidade de se adaptar com rapidez suficiente aos chatbots apoiados por inteligência artificial.

Sua observação minimiza as preocupações de que os rápidos avanços na tecnologia possam causar demissões em massa.

“Estou muito otimista de que poderíamos aumentar a produtividade”, disse em entrevista durante conferência em Glasgow. “Poderíamos aumentar nosso bem-estar geral no trabalho e ter mais lazer. Poderíamos adotar uma semana de quatro dias facilmente”.

Pissarides já havia investigado o impacto da automação no emprego no estudo "Pissarides Review into the Future of Work and Wellbeing". Ele ganhou o Prêmio Nobel de Economia por seu trabalho sobre fricções no mercado de trabalho.

Pissarides disse que a tecnologia ainda pode dar uma guinada negativa, como ser usada para vigilância ou invasão de privacidade. Mas, para o economista, poderia fazer uma “grande diferença” na produtividade se bem usada.

“Pode eliminar muitas coisas chatas que fazemos no trabalho e deixar apenas as coisas interessantes para os seres humanos”, explicou. A transição para os trabalhadores será menos dolorosa com a adoção mais lenta pelas empresas, apesar de a tecnologia “se mover rapidamente”, acrescentou.

Alguns estão preocupados com o impacto da inteligência artificial na sociedade. Líderes de tecnologia, entre eles Elon Musk, assinaram uma carta aberta no mês passado pedindo uma pausa no treinamento dos poderosos sistemas de IA.

“Simplesmente não há limite para a quantidade de trabalho que a humanidade pode gerar se realmente quiser trabalhar”, disse Pissarides. “Vai demorar muito para ter um impacto real e, durante esse tempo, as pessoas vão se ajustar. O que você precisa nesse ajuste é basicamente ‘upskilling’”, termo usado para o aperfeiçoamento das habilidades de trabalhadores.

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