Painel da Oracle: empresa ganhou a atenção no último mês por causa do interesse em comprar o TikTok (Joan Cros/NurPhoto/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 06h00.
A Oracle deve revelar os resultados financeiros de seu primeiro trimestre fiscal de 2021 nesta quinta-feira (10). A expectativa é de que a companhia apresente ligeira queda na receita do período. A cifra deve fechar em torno de 9,1 bilhões de dólares, 0,8% menor do que a registrada no mesmo trimestre do ano passado. A projeção é da consultoria americana Zacks Investment Research.
Os resultados referem-se aos meses entre junho e agosto deste ano. A expectativa do mercado é de que o ganho por ação fique em 0,85 e 0,89 dólar, o que representaria uma alta de 6,2% em relação aos resultados obtidos no mesmo trimestre do ano anterior.
Avaliada em 174,7 bilhões de dólares, a Oracle é uma das maiores empresas dos Estados Unidos. A companhia enfrentou uma queda brusca em seus papéis negociados na Bolsa de Nova York (NYSE) durante o mês de março, mas os ativos já retornaram ao preço médio dos últimos meses, na faixa de 55 dólares por ação. Desde o começo do ano até o pregão de ontem (9), a valorização foi de 2,5%.
A maior parte da receita do primeiro trimestre fiscal de 2021 da Oracle deve vir do setor de serviços de computação em nuvem, que devem somar quase 7 bilhões de dólares no período, uma alta superior a 2,1% em relação ao no passado.
Uma pesquisa da consultoria Synergy Research Group aponta que a Oracle foi responsável por 2% do faturamento anual de serviços de infraestrutura de computação em nuvem, de 111 bilhões de dólares entre junho de 2019 e 2020. A companhia empata com a Tencent e fica atrás de rivais como Salesforce (3%), IBM (5%), Alibaba (6%), Google (9%), Microsoft (18%) e Amazon (33%).
Se confirmada, a queda do faturamento irá contrastar com os resultados obtidos no trimestre anterior, encerrado em maio, quando a fabricante de softwares comerciais registrou receita de 11,2 bilhões de dólares, alta de 3,3% em relação ao mesmo período de 2019. O lucro líquido foi de 3,4 bilhões de dólares, ou 0,82 dólar por ação, ante os 3,23 bilhões de dólares, ou 0,76 dólar por ação, registrados um ano antes.
A Oracle ganhou uma atenção incomum nos últimos meses. E isso se devia ao interesse da empresa em adquirir a operação do TikTok. Em agosto, o jornal britânico Financial Times noticiou que executivos da Oracle estiveram reunidos com investidores do TikTok baseados nos Estados Unidos para negociar um acordo.
Com mais de 1 bilhão de usuários, sendo 100 milhões nos Estados Unidos, o TikTok se tornou rede social mais popular dos últimos meses, principalmente após o imbróglio envolvendo órgãos de segurança americanos que acusam a rede social de espionar americanos e coletar dados sem autorização. O TikTok foi desenvolvido pela ByteDance, empresa de software com sede em Pequim.
Por conta disso, o presidente Donald Trump determinou o bloqueio do aplicativo no país. A decisão forçou a empresa a pensar em uma estratégia de se livrar de suas raízes chinesas para evitar novos problemas. A solução encontrada foi buscar um novo dono, só que dessa vez americano. Além da Oracle, que teve o apoio de Donald Trump, Twitter e Microsoft (em parceria com o Walmart) também mostraram interesse.
Se a Oracle será a nova dona do TikTok, isso ainda é incerto. Fato é que a notícia agradou o mercado. Quando foi noticiado o interesse na aquisição da rede social, as ações da empresa americana subiram mais de 10%. Dinheiro não seria um problema. Em novembro do ano passado, a empresa tinha mais de 35,7 bilhões de dólares em caixa, a oitava no ranking das mais endinheiradas.