Austrália planeja restringir acesso de menores de 16 anos a redes sociais
Governo argumenta que medida tem o objetivo de reduzir os impactos negativos na saúde mental dos adolescentes
Redator na Exame
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 10h42.
Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 10h42.
O governo da Austrália está prestes a implantar uma medida inédita em termos globais: a imposição de uma idade mínima para o acesso às redes sociais.O primeiro-ministro Anthony Albanese anunciou que a iniciativa faz parte de um esforço para mitigar os efeitos prejudiciais que o uso excessivo dessas plataformas pode ter sobre a saúde mental e física dos jovens. A proposta inclui a implementação de tecnologias de verificação de idade e deve ser testada ainda este ano, antes de entrar em vigor. As informações são da Sky News.
A expectativa é que o limite de idade fique entre 14 e 16 anos. Segundo o primeiro-ministro, o objetivo da medida é tirar as crianças das telas e incentivá-las a vivenciar experiências no mundo real, como esportes e atividades físicas.
Dados da indústria tecnológica revelam que80% dos 26 milhões de habitantes da Austrália estão presentes nas redes sociais, o que torna o país um dos mais conectados do mundo.No entanto, o governo e especialistas em saúde têm demonstrado preocupação com o impacto dessas plataformas na saúde mental dos adolescentes. Pesquisas realizadas por comissões parlamentares têm mostrado uma correlação entre o uso excessivo das redes sociais e o aumento dos casos de depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos entre os mais jovens.
Redes sociais possuem idade mínima
As redes sociais, como Facebook e Instagram, que pertencem ao grupo Meta, já possuem umA idade mínima de 13 anos, estabelecido pela própria empresa.Em resposta à proposta do governo, a Meta afirmou que, em vez de cortar completamente o acesso dos jovens, seria mais benéfico criar ferramentas que permitam aos pais monitorar e orientar o uso dessas plataformas, ajudando a garantir um ambiente online mais seguro.
O debate sobre a efetividade da medida também levanta questões sobre sua implementação prática.Críticos argumentam que a restrição poderia incentivar os jovens a procurarem alternativas menos regulamentadas, colocando-os em risco de exposição a conteúdos perigosos em plataformas secundárias. A eSafety Commissioner, órgão responsável pela regulamentação da internet na Austrália, advertiu que essa abordagem pode acabar limitando o acesso dos jovens a fontes de apoio essenciais, como grupos de ajuda e comunidades online.
Além disso, especialistas alertam que o controle sobre o acesso dos adolescentes às redes sociais deve considerar as particularidades de grupos vulneráveis, como LGBTQIA+ e outras minorias, que muitas vezes encontram nas plataformas digitais um espaço seguro de expressão e suporte. Há o temor de que uma proibição geral leve esses jovens a migrarem para ambientes virtuais menos controlados e potencialmente mais perigosos.