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Ataque a Ashley Madison traz calafrios a apps de encontros

Pode ser tarde demais para pessoas que foram atraídas pelo suposto manto de anonimato digital e compartilharam seus mais profundos desejos, fetiches e fantasias


	Homem traindo: pode ser tarde demais para muitas pessoas que foram atraídas pelo suposto manto de anonimato digital
 (thinkstock)

Homem traindo: pode ser tarde demais para muitas pessoas que foram atraídas pelo suposto manto de anonimato digital (thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 10h16.

Toronto - Larry Flynt, fundador da revista Hustler e defensor da liberdade de expressão e sexual, tem este conselho para qualquer um preocupado com o ataque de hackers contra o site de encontros extraconjugais Ashley Madison: cale-se.

"Não faça ou diga nada que você não queira ler na primeira página do New York Times", disse Flynt, que também é proprietário de negócios que vendem vídeos sexualmente explícitos online.

Pode ser tarde demais para muitas pessoas que foram atraídas pelo suposto manto de anonimato digital e compartilharam seus mais profundos desejos, fetiches e fantasias em sites de encontros e pornografia.

E essas companhias sabem que seus baús digitais de segredos são exatamente o que as tornam um alvo para hackers motivados. Ao expor as contas de até 37 milhões de usuários do Ashley Madison, hackers disponibilizaram um conjunto de dados potencialmente embaraçosos.

Os dados incluíram endereços de emails de autoridades do governo norte-americano, servidores do Reino Unido, e funcionários de corporações europeias e norte-americanas, levando temores já profundos sobre segurança na proteção de dados e segurança na Internet a um novo patamar.

A divulgação dos dados foi o cumprimento da ameaça feita pelos hackers no mês passado. Além dos detalhes dos usuários, os hackers também publicaram informações de cartões de crédito armazenadas no site canadense que tem como slogan "A vida é curta. Tenha um caso".

Os hackers, que ainda não foram identificados, parecem ter rancor contra a companhia e querem sabotá-la expondo os usuários ao público.

Relatos de que chantagistas estão contatando usuários do Ashley Madison estão reforçando as temores sobre o nível de segurança online. E para a indústria de entretenimento adulto, que é responsável por mais de 10 por cento do tráfego de dados da Internet, a tendência é particularmente preocupante.

"Não conheço ninguém que esteja preparado para algo assim", disse Joanna Angel, uma famosa empresária do mercado pornográfico que distribui filmes pelo site Burning Angel. "A situação pode acabar afetando companhias como a minha", disse ela. "Vai deixar as pessoas paranóicas."

O ataque ao Ashley Madison foi o segundo mais importante neste ano, depois que o site AdultFriendFinder foi alvo de uma grande violação de dados em março em que detalhes de 4 milhões de assinantes foram publicados na Internet.

Segundo o diretor de pesquisa da companhia finlandesa de serviços de cibersegurança F-Secure, Mikko Hypponen, muitas empresas da indústria de entretenimento adulto já contrataram equipes altamente qualificadas para manterem seus dados protegidos.

Flynt, que brigou pela liberdade de expressão em tribunais dos Estados Unidos, afirmou que qualquer um surpreso com a invasão da privacidade das pessoas é ingênuo.

"Não existe mais privacidade", disse Flynt. "Ela não existe já há algum tempo."

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