Tecnologia

Gigante de US$ 3 bilhões, Asus quer deixar timidez no Brasil pra trás

Rex Lee, Chief Marketing Officer (CMO) da Asus, quer aproveitar que a marca é conhecida por ser a favorita dos gamers, e aumentar a base com clientes focando em quem entende de tecnologia

Rex Lee, CMO da Asus, falou com exclusividade à EXAME durante sua visita ao Brasil em abril (Asus/Divulgação)

Rex Lee, CMO da Asus, falou com exclusividade à EXAME durante sua visita ao Brasil em abril (Asus/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 3 de junho de 2024 às 12h24.

Última atualização em 20 de junho de 2024 às 14h03.

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Uma predileta do público fã de jogos de computador há pelo menos 20 anos, a Asus quer se tornar opção para todos os brasileiros. A marca taiwanesa de computadores e notebooks tem receita na casa dos US$ 3 bilhões, mas ainda cresce timidamente no Brasil. Por aqui, 300 mil unidades de aparelhos foram vendidas no ano passado, ante 15 milhões globalmente, segundo revelou Rex Lee, Chief Marketing Officer (CMO) da Asus, em uma entrevista exclusiva à EXAME durante visita ao Brasil no primeiro trimestre.

No momento de sua visita, a Asus aproveitava de um bom momento com os acionistas. No balanço recém divulgado, exibiu um lucro de US$ 154 milhões, com crescimento de 39% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A região da América representou 22% da receita, ficando atrás da Ásia (47%) e da Europa (31%). Para Lee, agora é o momento para apostar no crescimento do Brasil — país que deu prejuízo de US$ 3 milhões para a empresa durante os primeiros anos em solo brasileiro, mas, de acordo com ele, mostra promessa devido ao tamanho da população e ao interesse por computadores. O Brasil é um dos top 10 países no mercado de notebooks.

"Nós queremos nos comunicar com as pessoas que têm um entendimento maior de tecnologia", resumiu o executivo, que trabalha na Asus desde 1997, com exceção de um período entre 2003 e 2007, e já conduziu as operações no sul da Europa e na Ásia. A Asus também não vai ficar de fora do mercado de computadores com IA, que expande com os novos lançamentos da Microsoft.

Recentemente, a empresa de Satya Nadella anunciou que os PCs Copilot+ estarão disponíveis em modelos Asus, Acer, Dell, HP, Lenovo e Samsung, além da própria Microsoft. O Asus Vivobook S 15, por exemplo, possui recursos de IA do Windows, como o assistente de memória Recall, o gerador de imagens Cocreator e outros aplicativos de IA exclusivos da empresa multinacional, como uma câmera capaz de detectar sua presença e ligar ou desligar a tela de acordo com sua movimentação.

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Quais são as metas da Asus no Brasil?

Nosso lema é "In Search of Incredible" ("em busca do incrível", em português). Começamos com componentes de PC, como placas-mãe e placas gráficas, depois expandimos para notebooks, servidores, e buscamos oferecer soluções completas para nossos clientes. Entramos no mercado brasileiro há 17 anos. O Brasil é um mercado desafiador devido à necessidade de produção local, altos impostos e flutuações na taxa de câmbio. Aprendemos muito ao longo dos anos. Implementamos produção local de forma competitiva em qualidade, custo e prazo. Por exemplo, há cerca de 10 anos, tivemos uma perda de 3 milhões de dólares em um ano devido à variação cambial. Isso nos ensinou a gerenciar melhor esses riscos. Hoje, estamos prontos para crescer. Agora temos por volta de 15 milhões de unidades vendidas no mercado global, mas ainda não somos número 1 no Brasil. Vendemos por volta de 300 mil por aqui no ano passado.

Qual é o público-alvo da Asus no Brasil?

Começamos focando em consumidores que entendem de tecnologia, como gamers, porque eles influenciam outros consumidores. Acreditamos que a familiaridade com nossos produtos crescerá a partir desse público inicial. Por exemplo, gamers geralmente têm conhecimento sobre tecnologia e podem influenciar suas famílias na escolha de produtos Asus.

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Pode falar mais sobre como é a produção local hoje?

Trabalhamos com a Foxconn, uma empresa taiwanesa líder em manufatura. Sentimos segurança com eles em termos de finanças e qualidade. Nossa produção local alcança níveis de qualidade similares aos da China, o que nos permite aumentar a capacidade de produção no Brasil. Inicialmente, tivemos problemas com parceiros locais que faliram, mas com a Foxconn, temos estabilidade e alta qualidade. Por enquanto, vamos manter a produção na fábrica atual em Jundiaí e observar como as coisas evoluem. A fábrica tem mais de 50 anos de existência e uma forte capacidade de produção.

Por que a expansão no Brasil é importante para a Asus? Qual outro grande mercado está na mira?

Queremos ser a marca número um em PCs de consumo globalmente. O Brasil, com seu grande mercado de mais de 200 milhões de pessoas, é essencial para essa meta. Já temos experiência e entendemos como lidar com a produção local, impostos e taxas de câmbio, então sentimos que é o momento certo para sermos mais agressivos no mercado brasileiro. A Índia é um mercado em rápido crescimento onde já somos a segunda maior marca, com mais de 35% de participação no mercado de PCs de consumo. Estamos diversificando nossa capacidade de produção para fora da China, incluindo a Índia, para mitigar riscos relacionados a tensões comerciais entre China e EUA.

Quanto às iniciativas de IA, o que a Asus está fazendo nessa área?

Estamos investindo pesadamente em IA para melhorar operações internas, oferecer novos recursos aos consumidores e virarmos líderes nesse campo. Em termos de P&D, temos mais de 1.000 engenheiros dedicados à IA. Esperamos que muitas dessas inovações se tornem mais maduras em breve e, na Computex [evento que acontece em junho], teremos anúncios importantes.

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