Tecnologia

A neutralidade de rede chega ao fim nos EUA

Mudança tem apoio de empresas de telecomunicação e do partido republicano, mas tem oposição de grandes companhias de tecnologia, como Google e Facebook

FCC: Comissão retirou as regras de neutralidade de rede em dezembro e decisão passa a valer a partir desta segunda-feira  (Alex Wong/Getty Images)

FCC: Comissão retirou as regras de neutralidade de rede em dezembro e decisão passa a valer a partir desta segunda-feira (Alex Wong/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2018 às 05h57.

Última atualização em 11 de junho de 2018 às 07h01.

A maneira como a internet é regulada nos Estados Unidos muda nesta segunda-feira. A partir de hoje, passam a valer as novas regras de transferência de dados, aprovadas pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) em dezembro do ano passado. A mudança retira a neutralidade de rede das regras americanas, o que permite que as empresas de telecomunicação possam bloquear, acelerar ou reduzir a velocidade de acordo com sua conveniência.

Teoricamente, isso permitiria às empresas vender pacotes específicos para quem vê muitos filmes por streaming, para quem joga online e pra quem só acessa e-mails e sites — e cobrar mais ou menos por isso. Além de poder favorecer serviços próprios ou parceiros em detrimento de outros, por exemplo.

A preocupação entre os defensores da neutralidade é que a partir de agora os provedores de internet tenham muito controle sobre como é entregue o conteúdo online. Pode ser ainda mais difícil para a próxima geração de startups e serviços digitais se estabelecerem e competirem se tiverem que pagar para serem incluídas no que é chamado de “vias rápidas”da internet.

O presidente da FCC, Ajit Pai, indicado pelo Congresso de maioria republicana, afirma que as regras antigas eram “mão de ferro e um erro”. Para ele, a neutralidade de rede barra a inovação e os investimentos em construir e expandir as redes de banda larga. “O que é responsável pelo fenomenal desenvolvimento da internet? Bom, certamente não foram regulações governamentais pesadas”, disse Pai, quando justificou seu voto.

A decisão de repelir a neutralidade de rede tem apoio das companhias de telecomunicação e do partido republicano, mas tem oposição de grupos de direito digital e das grandes companhias de tecnologia, como Google e Facebook.

A situação não deve mudar tão radicalmente, já que ainda há uma legislação tramitando na Câmara dos Deputados, já aprovada no Senado, para regular a questão. Provedores de internet devem esperar até que a questão esteja cimentada antes de aplicar mudanças. Alguns estados americanos já cogitam implementar a neutralidade em seus territórios e grupos de direito online convocaram protestos para chamar atenção ao tema nesta segunda-feira.

No Brasil, apesar da pressão das operadoras, o governo segue afirmando ser contra o fim da neutralidade de rede no país. É um tema que continuará gerando acalorados debates mundo afora.

 

Acompanhe tudo sobre:Às SeteExame HojeFacebookGoogleStartups

Mais de Tecnologia

O poder dos periféricos: Logitech aumenta projeções após crescimento de 12% no primeiro trimestre

Spotify reporta crescimento acima do esperado no segundo trimestre após aumento de preços

Wiz recusa oferta de compra feita pelo Google

Prisão do fundador da Kakao abala mercado de k-pop

Mais na Exame