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Vale dos dinossauros ressurge no interior de São Paulo

Descoberta de diversos ovos preservados de espécies ancestrais e de titanosssauro no oeste paulista, entre Marília e Araçatuba, atrai atenção mundial

O paleontólogo William Nava mostra fragmentos de um titanossauro encontrado em Marília (SP) (divulgação/Divulgação)

O paleontólogo William Nava mostra fragmentos de um titanossauro encontrado em Marília (SP) (divulgação/Divulgação)

CA

Carla Aranha

Publicado em 31 de dezembro de 2021 às 11h33.

Última atualização em 3 de janeiro de 2022 às 15h12.

A cidade de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, acaba de entrar para o mapa das maiores descobertas mundiais da paleontologia com a localização de meia dúzia de ovos de dinossauros de mais de 60 milhões de anos. O material, considerado bastante raro, foi encontrado no sítio paleontológico do Parque dos Girassóis.

A região tem sido prodigiosa em descobertas semelhantes – desde a década de 90, escavações trouxeram à tona fósseis de diversas espécies de animais pré-históricos, como titanossauros e aves extintas. “Não é exagero dizer que é uma espécie de vale dos dinossauros”, diz o paleontólogo William Nava, responsável pela maioria dos achados, do Museu de Paleontologia de Marília. Nos últimos anos, cientistas de universidades americanas e de países da América Latina têm feito parcerias com seus pares no Brasil para estudar os achados.

O oeste paulista, entre Marília, Presidente Prudente e Araçatuba, concentra rochas do período cretáceo superior, com idade entre 65 e 80 milhões de anos, época em que os dinossauros alcançaram o ápice da evolução. Em seguida, veio a era glacial, que decretou o fim dessas criaturas, em função de  mudanças climáticas causadas pela queda de um meteoro de grandes proporções no México, segundo a ciência.

Ao se transformar em arenito, o solo do interior de São Paulo ajudou a preservar os fósseis dos dinossauros que acabariam sendo extintos. O material age com um protetor natural, formando diversas camadas de areia ao longo de milhões de anos.

As primeiras descobertas aconteceram em 1993, quando Nava localizou fragmentos de um titanossauro, que viveu há 70 milhões de anos, em uma região a 15 quilômetros de Marília. De lá para cá, equipes de pesquisadores brasileiras e internacionais escavaram dezenas de fósseis de dinossauros e de novas espécies de aves primitivas, extintas junto com a fauna pré-histórica. “São descobertas muito importantes para a ciência, por se tratar de um material novo”, diz Nava.

Os ovos encontrados recentemente vêm surpreendendo a comunidade científica. Segundo Nava, trata-se de uma espécie ainda desconhecida de um dinossauro carnívoro. Uma ninhada de ovos de um antepassado do crocodilo já havia sido descoberta na mesma região no ano passado.

Os pesquisadores acreditam que o local onde foram encontrados os ovos era propício para a nidificação – novos estudos devem indicar as condições que tornaram a área o berçário da pré-história. E não está descartada a hipótese da descoberta de um embrião fossilizado. “Seria incrível, algo inédito no país”, diz Nava.

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