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Skeelo aposta que audiobook veio para ficar — e crescimento da empresa mostra força do setor

André Palme, diretor de marketing e conteúdo da startup, detalha à EXAME as estratégias para alcançar esse desempenho e os planos para se firmar como um dos maiores players do setor em 2025

André Palme, Diretor de Marketing e Conteúdo do Skeelo (Skeelo/Divulgação)
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 13h33.

Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 21h28.

Os podcasts passaram a ser nossos companheiros no trânsito, na academia, lavando a louça... Sejam com notícias ou boas histórias, o Brasil se posicionou como um dos países que mais consome podcasts no mundo. Para além das conversas gravadas, o mercado de áudio digital viu uma nova febre crescer: o segmento de audiobooks. O Brasil já é considerado líder no setor, responsável por mais de 95% das vendas em língua portuguesa, segundo levantamento da Dosdoce.com.

A tendência levou a Skeelo a apostar as fichas em estratégias para o mercado B2B. Criada em 2019, a startup se destacou inicialmente no segmento empresarial, distribuindo livros digitais por meio de parcerias com grandes operadoras de telefonia, como Vivo e Claro. Mas foi a aposta no mercado B2C, direto ao consumidor, que acelerou seu crescimento. Em 2024, a empresa registrou88 milhões de minutos consumidos em audiobooks e um catálogo com mais de 5 mil títulos.

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A aquisição da Skoob, maior rede social brasileira para leitores, foi outro marco. A operação, anunciada em agosto de 2024, expandiu a plataforma, permitindo que usuários interajam sobre suas experiências literárias e acompanhem metas de leitura.

Hoje, a startup conta com uma receita de R$ 100 milhões e já contabiliza 180 milhões de livros baixados por clientes de mais de 130 empresas , segundo dados divulgados em novembro de 2024.

Os áudios já são os 'queridinhos' dos usuários,representando 30% do consumo na plataforma, que já conta com mais de 14,3 milhões de instalações e quase 1 milhão de acessos mensais.

"Gympass" da leitura atinge receita de R$ 100 milhões com livros digitais

Parceria com editoras

De acordo com um estudo da Dosdoce.com, a indústria de áudio em língua portuguesa movimenta cerca de 30 milhões de euros (equivalente a R$ 188 milhões, na cotação atual) por ano. Essa receita é gerada principalmente por cinco áreas: editoras (59%), estúdios especializados em conteúdos sonoros em português (26,5%), meios de comunicação (7,5%), empresas de serviços relacionados ao áudio (4%) e plataformas de comercialização, como o Skeelo, que representam 3%.

André Palme, Diretor de Marketing e Conteúdo do Skeelo, conta à EXAME que as plataformas de vendas de livros digitais têm mostrando grande potencial no mercado editorial, em razão do investimento na produção de formatos inovadores, como os audiobooks . Por outro lado, parte do êxito da startup neste nicho se deu pela parceria com as maiores editoras do Brasil.

"Quanto mais variado for o acervo de áudios, maior é o consumo. Essa tem sido a dinâmica dos usuários do Skeelo e, evidentemente, moldou a nossa estratégia. Em 2025, vamos intensificar essa operação para levar mais audiobooks ao público e turbinar o consumo de boas histórias".

O executivo também compartilha o que está por trás do match entre o Skeelo e as principais editoras do país: "Temos muitos usuários que não consomem livros físicos e querem entrar em contatos com histórias fora de suas bolhas. Então, conseguimos estimular os 'não leitores' a consumir áudio e, aos poucos, a se interessar por livros, tanto os físicos quanto os e-books. E essa escalabilidade seduziu as editoras".

Esse relacionamento também encara uma série de desafios. A maior dor de cabeça é o elevado custo de produção de histórias em áudio, que chega a superar as despesas das editoras com o desenvolvimento de e-books. Apesar disso, Palme afirma que os resultados têm sido satisfatórios para ambas as partes.

"É um formato caríssimo por causa de tecnologia, infraestrutura e a contratação de artistas que vão narrar as histórias aos ouvintes. As editoras ficam divididas. Para o modelo de negócio delas, é mais fácil e barato produzir livros físicos e e-books simultaneamente. Porém, organizamos uma co-produção com essas parceiras para a aumentar a produção das obras literárias em áudio que conversam com o público da mesma forma que os livros físicos".

Segundo o diretor de conteúdo, a vantagem do Skeelo é contar com variadas oportunidades de receitas para as editoras, por meio da venda dos audiobooks e e-books aos 130 clientes da plataforma. Dessa maneira, o negócio viabiliza o financiamento da produção das histórias em áudio, sem pesar tanto no bolso de suas parceiras.

"O mercado está crescendo e alcançou uma constância, mas as editoras ainda pensam 10 vezes antes de investir neste tipo de produto. Por isso, os players nacionais e internacionais, como o Skeelo, entram em ação, movimentando recursos para que esses catálogos sejam produzidos. E isso já acelera a oferta e comercialização desses títulos em áudio, deixando as editoras mais confiantes".

Com o modelo B2B2C, o Skeelo vive em um contexto bem diferente da maioria de seus concorrentes. Os livros disponíveis no acervo da startup estão disponíveis na Loja Skeelo, no clube de assinatura Leer+ e a todos que possuem o benefício..

Audiobooks x livros físicos

O consumo de histórias em áudio no Skeelo mais que dobrou no último. Em dezembro de 2023, foram 4.6 milhões de minutos consumidos, enquanto dezembro de 2024 registrou 10.2 milhões de minutos consumidos, representando aumento de 55%.

Segundo Palme, Skeelo também soube aproveitar o boom dos podcasts. Palme garante que, embora haja semelhanças e algumas diferenças entre os modelos, não há rivalidade comercial — e isso vale também para os livros físicos. "Apesar de os dois se parecerem muito, a diferença está apenas na maneira como os podcasts e os audiobooks são chamados e distribuídos pelas plataformas, como no caso do Spotify. Os podcasts já formam uma comunidade de ouvintes fieis a determinados conteúdos e isso leva o interesse também para os audiobooks, principalmente quando há a busca por ficção".

E reforça: "Em relação aos títulos físicos, a suposta 'briga' desse formato com os audiobooks é uma visão apocalíptica que surgiu com a chegada dos e-books. Mas, cada um deles atende às necessidades e preferências de diferentes consumidores. As histórias em áudio são ouvidas enquanto as pessoas realizam tarefas do dia a dia e não têm tanto tempo disponível para leitura. Um formato não anula o outro. Todos eles contribuem, à sua maneira, para o crescimento do mercado".

Chippu Place: o serviço que vai revolucionar a assinatura de streamings — e o que assistir neles

2025: o ano dos livros?

As perspectivas para o setor são promissoras. Segundo o "Audiobook Global Growth Report", a indústria do entretenimento sonoro deve crescer 10% globalmente até o fim da década, reforçando o papel dos audiobooks no futuro do consumo de conteúdo.Para 2025, o Skeelo pretende expandir o acervo de obras literárias e estreitar ainda mais os laços com as editoras para manter a liderança.

"A meta para o ano é trazer mais títulos para o nosso catálogo e sermos vistos pelos leitores assíduos como referência em histórias fascinantes, disponíveis em variados formatos", explica. "Vamos reforçar o Skoob como marca e trazer os livros para as conversas do dia a dia, fazer com que a leitura seja debatida entre as pessoas tanto quanto futebol e as séries. Nosso foco é redobrar o engajamento da comunidade que construímos".

Uma grande aposta comercial da startup para o primeiro semestre é a parceria com o aplicativo de marketplace Chippu Place (do Omelete & CO) , que compila diversos serviços de assinatura de entretenimento.

Segundo André Palme, o Skeelo vai atuar com o Chippu em um plano pago de benefícios no qual o assinante pode ganhar livros da plataforma todos os meses.

"Como nosso objetivo para 2025 é fazer com que os livros estejam cada vez mais presentes na vida das pessoas. Vamos colar as obras literárias em várias marcas de cultura pop que vão além do Omelete. É uma forma de chegarmos a um público promissor".

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