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Por que as pessoas amam tanto estourar espinhas?

Vídeos de "pimple popping" acumulam mais de 16 bilhões de visualizações só no TikTok; entenda por que espremer a acne do rosto é prazeroso

Acne: estudo explica por que espremer espinhas é tão satisfatório (Getty Images/Reprodução)

Acne: estudo explica por que espremer espinhas é tão satisfatório (Getty Images/Reprodução)

LP

Laura Pancini

Publicado em 3 de agosto de 2022 às 17h34.

Última atualização em 3 de agosto de 2022 às 18h34.

O nojo evoluiu para proteger os humanos de doenças infecciosas e venenos. Naturalmente evitamos comida podre, por exemplo, porque sabemos que podemos ficar doentes, explica Daniel Kelly, professor de filosofia e autor de um livro sobre o tema ao site PopSci.

Foi desenvolvendo o nojo, explica o autor, que nossos ancestrais conseguiram sobreviver. Ao mesmo tempo, nem tudo que dá nojo é perigoso: sangue, saliva ou pus não são necessariamente prejudiciais, mas podemos sentir náusea ou aversão quando eles saem do corpo.

A espinha, que acontece quando as glândulas sebáceas da pele ficam entupidas, acaba sendo um exemplo ainda mais interessante sobre como humanos sentem nojo. Existem pessoas que odeiam ver o pus e podem amar — ou odiar — cutucar a acne do rosto.

O outro grupo é o de pessoas que amam espremer espinhas. Elas não só apertam como assistem aos vídeos no YouTube de compilados de "pimple popping" ("estourar espinhas", em português) e seguem contas de dermatologistas nas redes sociais. A hashtag "#pimplepopping", por exemplo, tem 16 bilhões de visualizações só no TikTok.

A espinha acontece quando as glândulas sebáceas da pele ficam entupidas (Getty Images/Reprodução)

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Por que gostamos de espremer espinhas?

Um artigo publicado na revista Behavioral Brain Research tenta explicar o motivo que algumas pessoas gostam mais de estourar espinhas do que outras. De acordo com o estudo da Universidade de Graz, na Áustria, depende do cérebro de cada um.

Como voluntários da pesquisa, 38 adeptos ao "pimple popping" e 42 pessoas que sentem nojo da prática assistiram a 96 clipes. Eles mostravam espinhas sendo estouradas, água saindo de um bebedouro (escolhido por ser semelhante ao pus saindo da pele) e limpeza a vapor (simplesmente por ser satisfatório de assistir).

Os cientistas usaram uma máquina de ressonância magnética funcional, ou fMRI, para medir quatro sensações que os voluntários poderiam sentir: prazer em estourar espinhas e sensibilidade ao nojo, à recompensa e à punição.

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Qual é a conclusão do estudo?

Os cientistas descobriram que fãs dos vídeos de "pimple popping" têm uma maior sensibilidade à sensação de recompensa, assim como uma melhor habilidade para regular nojo em comparação com os haters dos vídeos.

Isso significa que quem gosta de espremer ou ver espinhas sendo estouradas realmente sente uma animação maior ao ver o pus saindo, como se fosse uma recompensa. Eles também não se sentem tão enojados. Os resultados são equivalentes ao que foi visto na imagem cerebral dos voluntários.

Os exames também indicaram que o nucleus accumbens e a ínsula são as partes do cérebro responsáveis pelas reações de prazer e nojo. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que o aumento da conectividade da ínsula com o accumbens pode estar ligado a uma melhor regulação do desgosto.

A conclusão final do estudo, porém, é que todos os participantes se sentiram ao menos um pouco enojados pelos vídeos.

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