Redator na Exame
Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 07h01.
Última atualização em 10 de dezembro de 2024 às 07h13.
O escritor paranaense Dalton Trevisan, de 99 anos, considerado um dos maiores contistas da literatura brasileira, morreu na última segunda-feira, 9.. A informação foi divulgada pela família em um comunicado nas redes sociais. Conhecido pela reclusão e pela escrita precisa, Trevisan deixa uma obra que explora as nuances da vida urbana e os dilemas humanos. A causa da morte não foi revelada, e detalhes sobre o velório ainda não foram informados.
"Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é. Dalton Trevisan faleceu hoje, 9 de dezembro de 2024, aos 99 anos", escreveu a família em um comunicado no Instagram oficial do autor.
A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná também homenageou o escritor em nota oficial: "Mestre do conto, desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana. Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados".
Nascido em Curitiba em 14 de junho de 1925, Dalton Trevisan trabalhou na fábrica de vidros da família e se formou em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Foi durante os anos de faculdade que começou a publicar seus primeiros escritos, mas foi em 1965, com o livro O Vampiro de Curitiba, que o autor alcançou notoriedade nacional.
Trevisan recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti, a mais importante premiação literária brasileira, e, em 2012, foi agraciado com o Prêmio Camões, o maior reconhecimento da literatura em língua portuguesa. Entre suas obras mais conhecidas, destacam-se A Polaquinha, Cemitério de Elefantes, Novelas Nada Exemplares e A Guerra Conjugal.Seus textos, marcados pela concisão e pelo olhar crítico, exploram a vida urbana, as complexidades das relações humanas e os dilemas morais. Ao longo da carreira, Trevisan abordou temas como a solidão, o isolamento e as angústias do cotidiano, sempre com uma linguagem direta e poderosa.
Dalton Trevisan ficou conhecido não apenas pela genialidade literária, mas também por sua vida reclusa. Durante décadas, o autor evitou entrevistas e aparições públicas, preferindo se dedicar exclusivamente à escrita. Ele morou por anos em uma casa localizada em um movimentado cruzamento de Curitiba, que se tornou ponto de peregrinação para admiradores de sua obra. Preocupado com a privacidade, mudou-se para um apartamento no centro da cidade.
"Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano", destacou a Secretaria de Cultura do Paraná.
Dalton Trevisan deixa uma filha, Rosana, e duas netas, Katiuscia e Natasha. Sua obra, porém, transcende gerações, sendo referência obrigatória para leitores e escritores que buscam compreender as complexidades da alma humana.
Mais do que um escritor, Dalton Trevisan foi um cronista da essência humana. Sua obra permanece como testemunho de sua genialidade, garantindo que, como ele próprio dizia, "todo vampiro é imortal".