Karl Bushby: mãe do explorador aguarda ansiosamente a volta do filho (Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 16h47.
Em 1º de novembro de 1998, Karl Bushby saiu de Hull, cidade litorânea da Inglaterra, com o plano ambicioso de caminhar 58 mil quilômetros ao redor do mundo sem usar nenhum tipo de transporte.
O ex-paraquedista acreditava que levaria 12 anos. Quase três décadas depois, sua mãe, Angela Bushby, de 75 anos, ainda espera por ele.
"Estarei aqui esperando ele passar pelo portão. Depois de abraçá-lo, vou perguntar: 'que horas você chama isso, Karl?'", diz Angela à BBC, em sua casa no subúrbio, o mesmo lar de onde o filho partiu.
Desde 1998, Angela viu Karl apenas três vezes. A espera tem sido marcada por orgulho e preocupação. Ela guarda álbuns de recortes de jornais documentando a jornada do filho, que já atravessou América do Sul, Central e do Norte, partes da Ásia e agora está na Europa.
Karl tornou-se o primeiro britânico a cruzar o Estreito de Bering congelado, entre América do Norte e Rússia, em 2006. Foram 14 dias caminhando sobre placas de gelo em temperaturas de -30°C. Angela lembra que a família voou para o Alasca antes da travessia, temendo que ele não sobrevivesse.
Em 2024, Karl nadou 300 quilômetros através do Mar Cáspio para evitar entrar no Irã ou Rússia novamente, onde teve dificuldades com vistos. Agora, prestes a deixar a Hungria e entrar na Áustria, a chegada em casa está cada vez mais próxima, estimada para setembro de 2026.
Angela relembra que Karl sempre foi determinado. Na escola, sofreu bullying e foi chamado de "burro" pelos colegas. Aos 13 anos, foi diagnosticado com dislexia. "Uma vez que ele soube que havia uma razão para suas dificuldades, não houve como pará-lo", conta a mãe.
Durante todos esses anos, Angela continuou comprando presentes de Natal para Karl. "Ele terá alguns para abrir!", diz. Quando contou ao filho, ele respondeu: "Mãe, você deve estar louca". Mas para Angela, isso ajuda a lidar com a saudade.
A comunicação, que no início era por ligações ocasionais, agora acontece pelas mensagens. Angela admite preocupação sobre como o filho se adaptará à vida normal. "Não acho que ele ficará parado em um lugar depois de viajar por tanto tempo", diz.
A Expedição Goliath, como Karl batizou sua jornada, foi apoiada desde o início por seu pai, Keith, ex-soldado. Para Angela, a espera de 27 anos está quase no fim. E ela estará ali, no portão, esperando.