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Caixão é fechado e corpo de Marília Mendonça segue para cemitério

Sertanejos foram ao local para se despedirem da colega. Governo estima que 100 mil pessoas passarão pelo local

Maiara e Maraísa sentam-se em um caminhão de bombeiros ao lado do caixão da cantora brasileira Marília Mendonça (Mateus Bonomi/Getty Images)
AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de novembro de 2021 às 18h14.

Última atualização em 7 de novembro de 2021 às 08h36.

Após o fechamento dos portões do velório da cantora Marília Mendonça, o caixão foi fechado e o corpo seguirá para o cemitério Parque Memorial. em Goiânia. A velório recebeu milhares de fãs, familiares e amigos que prestaram suas homenagens. A cantora morreu na queda de um avião de pequeno porte que a levava para um show em Caratinga, Minas Gerais.

No fim desta tarde, o caixão de Marília Mendonça foi levado da Arena Goiânia ao som de "Todo mundo vai sofrer" e sob gritos dos fãs. Ele foi colocado em um carro de bombeiro e seguirá em cortejo até o cemitério.

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As duplas Maiara e Maraísa e Henrique e Juliano estão junto do caixão em cima do carro de bombeiro.

Depois do fechamento dos portões, as duas duplas cantaram canções religiosas em homenagem a Marília Mendonça. Os quatro artistas estavam entre os mais próximos da cantora desde o início de sua carreira.

As irmãs também cantaram a música "Esqueça-me se for capaz", hit lançando recentemente com Marília Mendonça. Ao final, a dupla finalizou "Nunca te esquecerão, Marília".

Em discurso emocionado, Henrique agradeceu a equipe de Marília. A dupla cantou a música "A flor e o Beija-flor", um dos sucessos que apresentou Marília ao grande público em parceria com Henrique e Juliano.

O sertanejo, Mateus, da dupla Jorge e Mateus, disse na saída do velório que Marília era uma menina que 'todos amavam" e deixa um legado.

— Marília era completa. Como ser humano, como artista. Uma menina que todos amavam. (Deixa) Um legado de amor à música, de amor aos amigos, à família. Só coisas boas. Não tem uma coisa para falar mal da Marília — disse.

Durante o velório, que começou nesta tarde em um ginásio de esportes na capital de Goiás, os fãs passaram por um corredor ao lado do caixão da cantora e, emocionados, choraram ainda que o silêncio tenha prevalecido. O ritmo da fila é rápido e controlado por seguranças. Os fãs não puderam parar ao lado do caixão.

Muito emocionado, um deles chegou a se jogar no chão após ver o caixão. Ele ficou cerca de 30 segundos no local, chorando e dizendo que queria abraçar a cantora.

A família pediu que não fossem feitas fotos e vídeos. Na fila antes de adentrar a arena, o seguranças avisaram ao público e pediram que o desejo dos familiares seja respeitado. Os celulares precisaram ser guardados na bolsa antes de entrar.

Famosos e parentes também prestaram suas homenagens, mas do lado oposto aos fãs. Por algum tempo, Maiara, da dupla com a Maraisa, ficou ao lado do caixão e respondeu aos cumprimentos de quem veio prestar sua homenagens.

Além dela, a sua irmã e os cantores Henrique & Juliano, Jorge (dupla Jorge & Matheus), Mateus (dupla Mateus e Kauan) foram vistos no local.

O cantor Murilo Huff, ex-namorado de Marília e pai do filho dela, compareceu ao velório. O filho dos dois, Léo, tem 1 ano e 10 meses e não foi levado.

Parte da banda de Marília chegou no velório por volta das 15h. Eles estavam em Caratinga (MG), onde a cantora faria um show, e foram até Goiânia de ônibus. O grupo entrou no ginásio sob uma salva de palmas.

João Reis, pai de Cristiano Araujo — cantor sertanejo que morreu em um acidente de carro em 2015 —, também compareceu ao velório.

Na saída do velório, o pai de Cristiano Araujo classificou Marília como a "maior cantora" do Brasil:

— Uma perda irreparável. Maior cantora desse país. Para nós é uma dor no coração que vai ficar para sempre.

Relembrando a morte de seu filho, João Reis afirmou que passou um filme em sua cabeça e que nesses momentos não se sabe o que fazer:

— Passa (um filme), porque a gente já viveu isso — disse. — É uma coisa que a gente nunca espera na vida da gente e quando acontece a gente não sabe o que fazer.

Marília Mendonça viajava em um avião de pequeno porte, modelo Beech Aircraft. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular e tinha autorização para circulação de táxi aéreo. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está apurando as circunstâncias do acidente. Na noite de ontem, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou que o avião atingiu um cabo da rede elétrica.

Desde às 22h, as primeiras movimentações começaram a ocorrer diante do local onde a cantora que arrastou multidões será velada. Mulheres de diferentes idades foram as primeiras a chegar e montar vigília diante do estádio, embaladas por canções que tocavam em seus celulares. Acompanhada da filha e do irmão, Laene Rodrigues, de 32 anos, dirigiu por mais de 100 quilômetros para ir de Morrinhos a Goiânia na noite de sexta para aguardar o velório da ídola.

Fã da cantora desde o início da carreira, a vendedora se emociona ao contar que as canções de Marília embalaram momentos variados de sua vida e afirma que se sentiu representada quando a cantora apareceu no cenário musical inclusive por sua aparência:

— Quando vi Marília, me senti representada. Ela representava as gordinhas, que sempre sofreram preconceito — lembrou, se lamentando em seguida por não ter conseguido ir a uma apresentação da cantora: — Nunca fui em um show dela. Nunca a vi em um show, mas vou vê-la em um caixão.

Um ponto que une diversas admiradoras é a identificação com as letras de Marília e um elogio pela sinceridade da artista. Nas palavras delas, uma pessoa do "povão", sempre disposta a atender com carinho os fãs:

— Acho que o principal é a verdade que ela passa nas músicas dela — diz a empresária Letícia Prado, de 41 anos, explicando a origem da sua admiração.

Com um cobertor para passar a noite diante do local do velório, Jessica Oliveira, de 30 anos, destava que Marília cantava o que outros artistas não têm "coragem" de dizer:

— Ela fala por muitas, o que muitas não tem coragem de falar — afirma, citando o sucesso "Infiel", música que incluiu Marília nas paradas de sucesso: — Muitas mulheres que estavam passando pelo fim de um relacionamento (se identificam). Quando passei por uma crise em meu casamento quase me acabei de chorar e beber ouvindo Marília Mendonça.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM) decretou luto oficial de três dias no estado e, em uma rede social, publicou a estimativa de que até 100 mil pessoas compareçam ao velório. Ele estará junto com a família da cantora quando o corpo de Marília chegar à capital goiana no serviço aéreo estadual, no aeroporto de Goiânia. Segundo Caiado, a expectativa é que ela chegue na cidade entre 10h e11h e siga em cortejo no carro dos bombeiros até a Goiânia Arena.

A prefeitura de Goiânia criou um esquema especial de trânsito para que a multidão possa se despedir da cantora.

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