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A Vtex só não vende mais porque não consegue entregar

“O gargalo somos nós”, afirma Geraldo Thomaz, cofundador da plataforma de comércio eletrônico para que acaba de abrir o capital em Nova York

Escritório da Vtex no Brasil: empresa foi avaliada em 3,75 bilhões de dólares na bolsa de Nova York (VTEX/Divulgação)

Escritório da Vtex no Brasil: empresa foi avaliada em 3,75 bilhões de dólares na bolsa de Nova York (VTEX/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 22 de julho de 2021 às 16h23.

Última atualização em 23 de julho de 2021 às 11h42.

Em sua estreia na bolsa de Nova York, que se deu nesta quarta-feira, 21, a empresa de soluções para o comércio eletrônico Vtex viu seu valor de mercado disparar. A companhia brasileira foi avaliada em 3,75 bilhões de dólares, mais do que o dobro do registrado em sua última captação, no ano passado, quando se tornou um unicórnio — nome dado às startups que valem mais de 1 bilhão de dólares. Talvez a avaliação tenha sido conservadora.

“O gargalo somos nós, não é o mercado”, afirmou à EXAME Geraldo Thomaz, CEO e cofundador da companhia, juntamente com seu colega de faculdade Mariano Gomide. “O IPO servirá para acelerar o crescimento.” Por gargalo, Thomaz se refere à capacidade da empresa de adquirir mais clientes, o que depende de infraestrutura tecnológica, como data centers, e de profissionais para produzir as evoluções necessárias no sistema. “Precisamos de mais pessoas qualificadas”, afirma.

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Em maio, a Vtex lançou a segunda edição do programa Hiring Coders, que oferece 10 mil bolsas integrais para curso em parceria com a Gama Academy, uma das maiores escolas em capacitação digital. O objetivo do programa é desenvolver profissionais em início de carreira, mas que já entendam de lógica e programação. Os selecionados terão dois meses e meio de aulas online e mentoria com profissionais do mercado de e-commerce.

Após o final do programa, os alunos com melhores resultados poderão concorrer a vagas de emprego na VTEX e outras empresas de tecnologia.

Thomaz também se baseia no perfil dos seus clientes para estimar que a demanda, no mercado de sistemas para comércio eletrônico, é muito maior que a oferta. Mais da metade deles, até hoje, são os chamados “greenfield”, que nunca tiveram uma operação de comércio eletrônico. “E são empresas de 1 a 3 bilhões de faturamento”, destaca. “Enquanto tivermos capacidade de entregar um bom produto, teremos demanda.”

A plataforma da Vtex permite que redes de varejo físico integrem suas lojas ao comércio eletrônico, transformando as instalações em centros de distribuição. Thomaz não demonstra preocupação nem com uma possível consolidação do varejo digital em alguns poucos competidores. “A pizza aumenta mais rápido do que a capacidade de consolidação do mercado”, diz ele. “A cada dia temos mais canais de vendas disponíveis, mais meios de entrega.”

Os recursos obtidos no IPO (pouco mais de 1 bilhão de dólares), segundo o cofundador, serão utilizados para consolidar a presença da companhia na América Latina e “plantar as sementes” para uma expansão futura para Europa e Estados Unidos.

Boom do comércio eletrônico

A VTEX cresceu muito durante a pandemia, com o boom visto nas compras online por diversas marcas que utilizam suas soluções, como Sony, AB InBev, Walmart, Cobasi, Coca-Cola e C&A. Em maio e junho de 2020, as vendas online pela plataforma subiram mais de 100% em relação ao ano anterior.

Hoje, a VTEX já tem mais de 3.000 clientes em 42 países, com escritórios em 16 cidades do mundo. A empresa projeta fechar 2020 com faturamento 114% maior que em 2019, com 8 bilhões de dólares em volume bruto de mercadorias transacionadas.

No ano passado, quando a empresa, fundada em 1999, se tornou um unicórnio, a empresa realizou uma rodada de captação série D liderada pelo fundo Tiger Global com participação da Lone Pine Capital.

O aporte recebido foi de 225 milhões de dólares, cerca de 1,25 bilhão de reais, o que avaliou a empresa em 1,7 bilhão de dólares.

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